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Cronica medica
Educação higienica
É o Porto a mais mortifera das cidades da Europa, se exceptuarmos os paises da zona oriental. Tão detestaveis condições sanitarias carecem de ser mudadas, e para tal entendeu a Delegação de Saude ser preciso realizar uma pertinaz campanha de educação do publico em materia de higiene. É que só com a população convenientemente instruida sobre as tremendas consequencias do desleixo quasi geral por tudo o que diz respeito á salubridade citadina, poderão agir proveitosamente os homens que compreendem bem a necessidade instante de sanear o burgo. Começaram já a aparecer em todos os diarios da manhã pequenas cronicas semanais, destinadas a iniciar essa obra educativa, por meio de noções simples de higiene individual e de notas demonstrativas da influencia enorme da higiene publica sobre a saude de cada habitante. Junta-se assim, á parte de imediata aplicação a cada leitor (e quantos deles cometem actos contra a sua saude, por mera ignorancia!) a propaganda tendente á realização futura de medidas de interesse colectivo.
A iniciativa da Delegação, procurando interessar a opinião publica, foi excelentemente acolhida pela imprensa, e certamente dará em resultado virem á barra aqueles que a questões de higiene tem [sic] dedicado horas de estudo. O dr. Hernani Barroca, vereador do pelouro da higiene na Camara Municipal continuará com os interessantes artigos que têm saido no «Comercio do Porto». No «Primeiro de Janeiro» comecei a publicar uma série de apontamentos sobre os mais importantes aspectos do problema do saneamento da cidade, e a «Tribuna» está inserindo um trabalho sobre a profilaxia das doenças venéreas. Outros virão por certo reforçar a campanha, que tem de ser pertinaz, sem desfalecimentos.
A acrescentar á propaganda impressa, a divulgação pela palavra. A Faculdade de Medicina, que dentro de seis meses celebrará os seus cem anos de vida honrada e progressiva, de acordo com a Associação Medica Lusitana e com a Delegação de Saude, resolveu que conferencias publicas precedessem as festas do centenario. Essas conferencias versarão os problemas de assistencia e sanidade do Porto. A primeira da série, a realizar brevemente, será feita pelo ilustre director da Faculdade, o professor Alfredo de Magalhães.
Assim se vai agitar o meio portuense, despertando a atenção dos moradores da Invicta, para estas questões das quais depende a prevenção das suas doenças e a redução das suas probabilidades de morte. Muito descuradas têm elas sido, e não é por falta (bom é acrescentar) de dedicação ao bem publico da maioria das personaldiades que têm passado pelas cadeiras das governações nacional e local, nem tão pouco pela carencia de funcionalismo idoneo. É que num meio indiferente, que não foi elucidado sobre os prodigiosos efeitos da higiene publica na poupança de [vi]das, a semente lançada por um ou outro convicto, não germina, fica em projecto irrealizavel perante a passiva resistencia geral. A obra a construir tem fatalmente de assentar numa activa e persistente campanha de educação. Sem ela, estou firmemente convencido que os esforços dos mais entusiastas promotores da salubrização da cidade serão passageiros clarões que nenhum rastro deixarão.
Dr. A. GARRETT
Delegado de Saude
Referência bibliográfica
A. Garrett - "Cronica medica"
in Diário de Notícias
de 19 de Janeiro de 1925, nº. 21193, p. 5 (c. 7). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2580.
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