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Texto da entrada (ID.2599)

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Os dados estatisticos

É preciso conhecer o que diz a estatistica ácêrca d’este assumpto tão curioso, o qual não está ainda bem esclarecido.

Um medico que legou á posteridade uma obra muito notavel, o dr. Bondin, encontrou, n’uma investigação que fez em 1860, algarismos muito extraordinarios: em 290 surdos-mudos, havia 64 descendentes de paes consanguineos! Isto originava uma percentagem egual a 22,  ora, é bem evidente que não ha 22 creanças descendentes de consanguineos em cada 100 pessoas de população geral. Mas quando se observa de perto aquella investigação, nota-se que o auctor se deixou arrastar por uma idéa preconcebida e que uma grande parte dos suppostos 64 consanguineos não o eram realmente.

Uma observação feita em Inglaterra, por um auctor menos apaixonado, produziu resultados muito differentes. O auctor d’esta investigação é o dr. George Darwin, filho do conhecido naturalista que creou a philosophia moderna. Encontrou, entre 4.822 alienados apenas 170 provenientes de casamentos consanguineos, isto é, 3 a 4 por cento; da mesma forma que entre 366 surdos-mudos, só encontrou 8, isto é, 2 por cento da mesma proveniencia.

Conclusão

Em conclusão, diz o dr. Ox:

Nada nos indica que a consanguinidade seja, só por si, prejudicial.

Mas se dois individuos, quer sejam ou não primos, estão affectados da mesma tara hereditaria e se casam um com o outro, multiplicam-se extraordinariamente as probabilidades que havia em transmittirem essa tara aos seus filhos.

(...) Informae-vos bem se entre os avós, que vos são communs, tanto os vossos como os da vossa prima até o 4º ascendente, houve alguma das seguintes doenças, consideradas hereditarias pela sciencia medica: loucura, surdo-mudez, cancro, etc. (ainda ha pouco incluia-se tambem a tuberculose, que hoje já não se considera doença hereditaria). Se entre elles houve alguma d’estas doenças, o casamento projectado póde trazer consequencias graves para os filhos.

Se, pelo contrario, a doença não existiu, podeis casar com a vossa encantadora prima!

(...)


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Os casamentos consanguineos - A opinião do dr. Ox – Será prejudicial o casamento entre primos?" in Diário dos Açores de 14 de Outubro de 1908, nº. 5205, p. 1-2 (col. 6; 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2599.



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