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POR UM OCULO…
O eclipse parcial do sol
Em Lisboa, devido á pouca transparencia do ceu, foi apenas possivel determinar-lhe a duração
Lisboa não se interessou ontem, grandemente, pelo eclipse do sol. Tambem, não era de importancia. Apenas um eclipse parcial dificilmente visivel, dada a pouca transparencia do céu invernal, semi-coberto de nuvens. Mas mesmo assim os astronomos estavam no seu posto. Na Ajuda, o director, coronel sr. Frederico Oom, ilustre colaborador do «Diario de Noticias»; o sub-director, coronel sr. Teixeira Bastos e o astronomo dr. Antonio Mendes Lage, fizeram algumas observações não despidas de interesse. Na Escola Politecnica tiraram-se algumas fotografias do eclipse e os respectivos calculos, segundo as táboas [sic] solares.
O eclipse, como se sabe, foi total para a America do Norte e regiões circunvizinhas. As observações fizeram-se em todos os postos astronomicos e no mar, a bordo dum dirigivel. As do mar tiveram o interesse especial de se ver nas ondas, deslocando-se com uma velocidade superior a uma bala de artelharia, a sombra da lua, logo que ela abandonou aquele continente. Um aparelho cinematografico registou todas as fases do interessante fenomeno.
Segundo os calculos do ilustre sabio Frederico Oom, a lua tocou tangencialmente o sol pelo lado direito do observador, ás 2 h. 52’ e 15’’.
A lua começou depois a cobrir o astro-rei com uma sombra em forma de «8», até ás 4h. e um minuto, hora a que o eclipse atingiu o seu maximo de mancha.
Como dissémos, as pessimas condições da atmosfera não foram propicias á visão do fenomeno, que de resto pouca importancia teve. Os astronomos portugueses precisaram apenas a sua duração, É possivel que na America se tenham feito calculos mais importantes que permitissem fixar a posição dos astros. Quando se dão os eclipses solares observa-se na natureza e nos animais curiosas mudanças, não só de côr, mas de sensibilidade. Ontem, em Lisboa, nem uma coisa nem outra. Apenas a pequena curiosidade indigena de alguns «desocupados», que, nos jardins publicos, através de vidros fumados, contemplaram em silencio a visita protocolar e oficialmente determinada pelos sabios da lua ao sol, – beijo platonico de lua e sombra, a alguns milhões de leguas do globo terraqueo.
Referência bibliográfica
[n.d.] - "POR UM OCULO… / O ECLIPSE PARCIAL DO SOL"
in Diário de Notícias
de 25 de Janeiro de 1925, nº. 21199, p. 5 (c. 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2607.
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Astronomia
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