«Noticias» radio-telegrafico

OS POSTOS DE T.S.F.

Quando um amador nota pela primeira vez, que um novo posto de T. S. F. instalado em sua casa, lhe permite uma recepção agradavel das emissões radiofonicas, fica geralmente muito satisfeito; quando um amador já mais atingido que o precedente por este mal quasi incuravel que se chama a «radio», começa a construção dum posto emissor e vê pela primeira vez a agulha do amperimetro termico oscilar lentamente e indicar a passagem duma corrente de alta frequencia de alguns decimos de ampére, fica geralmente, extraordinariamente satisfeito. Mas tanto um como o outro, se são um pouco inexperientes, não imaginam que alguns dias depois as coisas se podem modificar sem razão muito aparente, e que o posto receptor se poderá recusar a fazer a detecção das ondas ou as poderá amplificar deformadas, assim como o posto emissor se poderá recusar subitamente a transmitir através do espaço os comboios de ondas.

O amador deseja sempre, e com muita razão, modificar os seus aparelhos melhorando-os, mas raramente se preocupa com os cuidados a dar-lhes.

Um posto de T. S. F. tem necessidade de ser cuidado e é nisso que muitas vezes se encontra o segredo de resultados que se tornam melhores á medida que o tempo passa.

Se um amador, ainda um pouco novo, não tem cuidado com o posto, é porque raramente lhe indicaram o meio. Nós vamos-nos [sic] esforçar com as nossas fracas medidas, de o remediar.

Sendo a antena uma das partes mais importantes dum posto de T. S. F., é conveniente ter com ela o maior cuidado. Se se usa um quadro não é preciso ter com ele nenhum cuidado, mas já não sucede o mesmo se se trata duma antena, sirva ela para emissão ou para recepção.

Pouco a pouco, depositos de poeira, particulas de carvão (principalmente nas cidades) cobrem os isoladores e por conseguinte a sua acção é destruida. Por isso o amador tem todo o interesse em os limpar de tempos a tempos com um pano imbebido [sic] em petroleo. Esta precaução deverá ser tomada principalmente com as antenas dos postos emissores

Sucede igualmente que os isoladores, com o tempo, tornam-se rugosos e, portanto, menos isolantes.

Será necessario dar-lhes polimento com lixa de esmeril e passar-lhes á superficie uma camada de vernis.

É evidente que, sem mesmo tomar estas precauções, um posto de T. S. F. pode dar bons resultados, mesmo excelentes resultados, mas no entanto ha sempre vantagem em adoptar estas medidas porque os resultados não podem ser senão melhores.

No que diz respeito aos postos de galena, é preciso nunca tocar com os dedos na galena porque, em geral, os dedos estão sempre um pouco humidos e nada ha mais prejudicial aos pontos sensiveis do que a humidade. Nunca se deve expôr ao sol um pedaço de galena porque perderá as suas qualidades detectoras. Contudo o pedaço de galena não ficará completamente inutilizado e poder-se-á experimentar fraccioná-lo.

Alguns amadores tambem aconselham de lavar a galena com um pouco de eter ou de a submeter á acção do vapor de enxofre.

Em todo o caso, qualquer que seja o posto utilizado, seja com galena, seja com lampadas, é necessario igualmente ter o maximo cuidado com os contactos. Estes deverão ser feitos o melhor possivel e de preferencia soldados.

Nunca se deve soldar com acido, mas sim com resina ou com solda já preparada, para o que basta o emprego da chama duma vela ou duma lampada de alcool.

No que diz respeito aos postos de lampadas, o amador deverá ter o maior cuidado com as lampadas e com as baterias. Não trataremos aqui dos cuidados a ter com as baterias de acumuladores, pois este assunto é bem conhecido de todos os amadores.

A bateria de placa é geralmente constituida por pilhas secas ou por pequenos elementos Leclanché.

As primeiras deverão conservar-se ao abrigo da humidade e deve-se ter o maior cuidado em evitar qualquer corta-circuito [sic], mesmo por um minimo espaço de tempo, pois isso força a pilha a debitar uma corrente muito superior á corrente normal que podem fornecer e polariza-as.

As baterias constituidas por pequenos elementos liquidos deverão ser objecto dum cuidado particular.

Devem-se parafinar os vasos e os contactos para impedir a formação de sais e a oxidação dos fios e dos bornes. De tempos a tempos é preciso deitar nos vasos uma solução aquosa de cloreto de amonio. Esta dissolução deverá ser feita num grande recepiente [sic] e daí se tomará o necessario para encher cada vaso.

Enfim, o amador terá o maior cuidado com a escolha das lampadas e nunca deverá cortar bruscamente a corrente dos filamentos, mas sim diminuir gradualmente o seu valor por intermedio do reostato.

(...).

[NOTA - Contém uma ilustração]