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Semana astronomica

IV

Não nos fazem decerto os nossos leitores (se alguns tivermos) a injuria de supôr que lhes vamos dizer: «realizou-se o eclipse de sabado como estava anunciado», nem de tal intempestivo pleonasmo seriamos capazes. As previsões astronomicas têm consigo esse condão, de serem absolutamente infaliveis – e nisso tem a Astronomia e os seus adeptos uma particular e bem justificada ufania.

Mas o que mais uma vez se tornou a manifestar foi a eterna inimizade das nuvens para com os astronomos, sejam amadores ou profissionais. Impediram-lhes completamente em 20, 21 e 22 admirar e estudar a interessantissima e formosa conjunção da rutilante Venus com o gigante Jupiter, escoltados pelo furtivo Mercurio; e ante-ontem prejudicaram consideravelmente a observação do eclipse solar, aliás sem interesse de maior, e que decerto passou desapercebido [sic] de quasi toda a gente.

Agora vamos em epoca de Lua Nova, cujo delgado crescente já hoje deve ser bem visivel ao pôr do Sol, com as pontas para cima, o que corresponde ao rifão: «Lua deitada, marinheiro em pé», visto que este aspecto é, para os nossos climas, correlativo do periodo invernoso, e portanto de mais frequentes e mais violentos temporais. Desde sexta-feira a Lua vai afastando-se de nós.

Os dias estão aumentando sensivelmente, e nesta semana ganharão mais 14 minutos, ou sejam dois minutos por dia. Mas ainda assim não atingem a enganosa conta enunciada por outro vulgar ditado: «Janeiro fóra, cresce uma hora». Não é tanto assim; até ao fim de Janeiro os dias terão crescido apenas 48 minutos em relação ao mais curto de todos, que foi o de 23 de Dezembro, e que teve 9 h. 27 m., ao apsso que em 1 de Fevereiro terá 10 h. 15 m. de duração.

Tambem agora é facil ver, sobre o horisonte do poente, a chamada «luz zodiacal», um tenue clarão erguendo-se ao alto, como luminosa esteira deixada pelo Sol, em forma de piramide inclinada para o Sul, bem distinta da Via Lactea que fica mais para noroeste e tem uns contornos irregulares.

O planeta Marte continua a ver-se ao começo da noite na constelação de Aries. Só depois da meia noite é visivel Saturno, com a constelação de Libra. De madrugada, como estrela de alva, vê-se primeiramente Jupiter, e pouco depois nascem Venus e Mercurio, prosseguindo na corrida em que parecem empenhados para alcançar o Sol, que lhes vai fugindo. Venus tomou este mês a dianteira, mas não tardará que Mercurio recupere a distancia perdida, e ganhe ainda um definitivo avanço, como veremos.

FREDERICO OOM.


Referência bibliográfica

Frederico Oom - "SEMANA ASTRONOMICA" in Diário de Notícias de 27 de Janeiro de 1925, nº. 21201, p. 3 (c. 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2613.



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