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E, effectivamente, tudo na terra nos vem do sol.

Flammarion, na sua Astronomie Populaire, consagra uma bella pagina a este astro.

Eis um extracto do que elle enumera ácerca dos effeitos do sol:

“O seu calor mantem os tres estados dos corpos: solido, liquido e gazoso; os dois ultimos evolar-se-hiam e não haveria senão corpos solidos; a agua e o proprio ar seriam talvez massiços blocos se o calor solar não os mantivesse no estado fluido.”

É o sol que aquece o ar, que mantem liquida a agua, que provoca a tempestade, que faz cantar o rouxinol na floresta. É elle que liga às montanhas os rios e os regatos, que forma as geleiras e as cataractas.

O trovão e os relampagos são uma manifestação do seu poder.

Tudo o que arde, toda a chamma que brilha receberam a sua vida do sol. O sol vem até nós sob a forma do calor, deixa-nos sob a forma de calor, e, entre a sua chegada e partida, faz nascer as diversas potencias do globo.

O sol faz germinar, crescer e amadurecer as messes e dá-nos, por consequencia, o pão que nos sustenta; o vinho que tinge as nossas taças vem d’elle ainda e o alcool é por egual uma forma do p. 2 seu calor, d’esse beneficio calor que elle lança em ondas sobre a terra.

A hulha é apenas uma fórma das antigas florestas que o sol fez crescer no nosso globo, e que, por uma previdente reserva, a Providencia occultou por muito tempo aos nossos olhares para impedir a sua prompta dissipação.

A acha que arde nas nossas lareiras é, tambem, uma manifestação do sol, porque a floresta não poderia reverdescer sem elle, e, quanto mais o poder do sol se faz sentir, mais a floresta se torna vigorosa.

A purificação solar

O sol é, além de tudo, o purificador da atmosphera. Póde-se calcular com grande exactidão a quantidade do anhydrido carbonico exhalado annualmente pelo homem quando respira; dizem os sabios que ella é de 5 triliões de kilos. (dá um exemplo) Se o gaz ficasse na atmosphera, bem depressa esta se tornaria irrespiravel; mas lá está o sol; debaixo da sua influencia os vegetaes transformam este acido carbonico, fixam nos seus tecidos o carbone e entregam o oxigenio á circulação.

O sol é pois tudo para o habitante da terra; por isso não admira que, na sua ignorancia, alguns povos o tenham tomado como um Deus. O que é mais extraordinario ainda é que actualmente, não nas regiões afastadas da Asia ou nas praias arenosas da Africa, mas às proprias portas de Paris ha cultivadores que adoram realmente o sol, reconhecendo dependerem inteiramente d’elle e dirigindo-lhe, como os Incas, as suas orações e homenagens.