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Texto da entrada (ID.2658)

Os bolidos, ou estrellas cadentes, são mais vulgares do que se suppõe; nem sempre estamos a olhar para o céo e, muito provavelmente, grande numero de corpusculos luminosos atravessam o espaço sem que tenhamos d’isso conhecimento. Admira mesmo que, diante d’este bombardeamento incessante, não haja a registar accidentes repetidos.

Evidentemente, os bolidos não escolhem o ponto mais conveniente para cahir; chegam à Terra como podem e n’ella se enterram, muitas vezes, proximo a povoações e cidades; entretanto é insignificante o numero de mortes devidas a bolidos, consignadas pelas estatisticas.

Ora, um jornal norte-americano dá-nos a noticia d’um naufragio occasionado por um bolido; talvez, pensamos, o primeiro facto d’este genero que se conhece.

Trata-se do navio á vela “Eclypse”, de 1409 toneladas, que de New Castle ia para S. Francisco; durava a viagem já uns oitenta e cinco dias, sempre por tempo calmo, quando, repentinamente, se declara terrivel tempestade e, logo após um grande estampido, todos os marinheiros assistem á queda d’um bolido, que encontrando em seu caminho o mastro grande, o reduz a pedaços. Proseguindo em sua marcha, o aerolitho perfura o tombadilho, a segunda coberta, a quilha e precipita se no mar com extrema rapidez, produzindo um sibilo finissimo. A julgar pelo diametro do orificio deixado no tombadilho, o meteoro devia ser pouco maior do que a cabeça d’um homem.

Foi facilmente dominado um começo de incendio, mas os marinheiros não conseguiram tapar completamente a abertura da quilha. Durante quatro dias e quatro noites as bombas funccionaram, constantemente; apesar d’isso, porem, a embarcação foi invadida pelas aguas.

A equipagem teve que abandonar o veleiro, que rapidamente sossobrou, e buscar salvação nos botes. O capitão dirigiu-se para as ilhas Sandwich, a terra mais proxima, a umas 900 milhas, mais ou menos. Foram, porém, lamentaveis os accidentes que sobrevieram durante a travessia. A sêde, principalmente, foi o mais difficil de supportar; apenas um caneco por dia para cada homem e o calor era torrido.

Treze dias depois da queda do aerolitho, tres homens sobre 16 succumbiam ás privações. Quatro dias depois os sobreviventes avistaram uma ilha, a que chegaram na manhã seguinte, sendo bem recebidos pelos naturaes.

Eis uma historia lamentavel, mas que vem mostrar que não estamos ao abrigo das pedras cahidas do céo.

 


Referência bibliográfica

[n.d.] - "A queda dos bollidos" in Diário dos Açores de 7 de Novembro de 1908, nº. 5226, p. 1 (col. 4-5). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2658.



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Astronomia

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