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Texto da entrada (ID.2660)

O problema já vem de longe, posto que sem resultado as tentativas até agora feitas, mas a força de voltal-o por todas as suas faces talvez de chegue a alguma cousa de pratico.

Durante muito tempo, o Sol foi o unico a trabalhar nas caldeiras das nossas machinas a vapor, pois é a sua energia fossilisada que o homem exhumou das minas de carvão de pedra, é a energia de seus raios que, ainda hoje, se vae armazenando em outros combustiveis vegetaes. É tempo de atrellarmos tambem a Lua ás nossas machinas e de aproveitar os seus antigos e perpetuos offerecimentos, pois que por influencia de sua attracção (junta á influencia mais fraca do Sol) ella gita periodicamente as aguas do Oceano e põe em jogo energias formidaveis, que temos o maximo interesse em recuperar.

Em Rokland, Estados Unidos, trata-se de estabelecer um meio de utilisar essas energias. A maré serve para comprimir o ar, que é enviado por um systema de tubos sobre os logares em que deve ser utilisado.

A installação adoptada, consta d’uma grande bacia natural que cobre uma superficie de 2,6 kilometros quadrados; só houve o trabalho de fechal-a por uma barragem, ou antes por um dique com sua respectiva porta, que serve para dar entrada á agua das altas marés e retel-as em seguida. De cada lado da porta acham-se os poços de uns sessenta metros mais ou menos de profundidade, uns para a entrada, outros para sahida da agua, uns e outros são ligados entre si por camaras subterraneas cavadas na propria rocha, como o são os poços tambem.

A agua admittida nos poços da entrada, para ahi arrasta o ar por 1.500 tubos diffusores de 13 millimetros de um apparelho Taylor. Este phenomeno de arrastamento mecanico do ar por um liquido (agua ou mercurio) para o interior de tubos finos, é conhecido e utilisado desde muito tempo em physica e na industria, por exemplo nas bombas de mercurio que servem para fazer o vacuo nas empolas de vidro; Taylor applicou-o em ponto grande nas minas de Victoria, onde a potencia realisada attinge a 5.000 cavallos. Quanto a emulsão do ar e da agua chega á camara inferior, o ar comprimido sob uma altura de agua de cerca de 50 metros, separa-se do liquido e escapa-se por columnas ascendentes, quanto á agua, ella sobe pelo poço de sahida até ao nivel do mar, isto é, até um nivel sensivelmente inferior ao nivel de entrada.

O ar comprimido a cinco atmospheras é dirigido para uma camara de reserva, d’onde póde ser transportado, por tubos de 1,20 m. de diametro, a uma distancia de 16 kilometros. As alturas maxima media e minima das marés são de 3,2m, 2,8m e 2,4m, correspondendo á força de 5000, 4000 e 3000 cavallos em ar comprimido.

A despeza com a instalação está calculada em 500 francos por cavallo, preço bastante elevado, mas que, entretanto, é o minimo possivel e que só n’esse caso particular póde servir, pois houve, a favor, a disposição natural da bacia, d’onde se conclue, mais uma vez, que as forças gratuitas da natureza podem custar muito caro aos exploradores.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Utilisação da energia das marés" in Diário dos Açores de 10 de Novembro de 1908, nº. 5228, p. 1 (col. 5-6). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2660.



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