SEMANA ASTRONOMICA

VII

Devemos ter esta semana uma série de noites brilhantemente estreladas, pois o luar irá escasseando até faltar completamente, visto ser Lua Nova no proximo domingo. Isto podemos nós afirmar com aquela certeza matematica que é apanagio das previsões astronomicas. O que é por enquanto impossivel de prevêr com qualquer probabilidade, é se a quadra de mau tempo com que fechou a semana passada, irá ou não prejudicar, ainda nesta, a contemplação do firmamento estelifero, sublime e misterioso para todos os espiritos reflectidos, e – quasi podemos dizer – tanto mais misterioso quanto mais a sciencia progride abrindo á nossa ansiosa curiosidade novos campos e problemas, antes não suspeitados.

A Lua vem a aproximar-se de nós até sexta-feira, em que estará no perigeu da sua orbita. Esperemos que a loucura humana não dê azo a reeditar-se essa velha crendice (a que Shakespeare ainda deu fama) de ser tal proximidade a causadora da falta de juizo nos homens.

Mercurio tornou-se novamente invisivel, como tantas vezes costuma. Venus ainda se pode ver, pouco antes de nascer o Sol, mas o fulgente Jupiter é que tem agora a primazia como estrela de alva. Saturno está em Libra, visivel só de madrugada; Marte continua em Aries, ainda notavel no céu do ocidente, pelo seu brilho de estrela de primeira grandeza, avermelhada.

As constelações visiveis no começo da noite são ainda proximamente as que antes indicámos. Ao Sul, Orion; os Cães, Maior e Menor; Eridano; Tauro. Ao Ocidente, Pégaso, a Baleia; ao Oriente, Leo e Cancer; a Nordeste, a Ursa Maior; de Sueste para Noroeste a Via Lactea passando quasi no zenite, por entre Auriga e Perseu.

FREDERICO OOM.