SEMANA ASTRONOMICA
VIII
Em pleno periodo de folia carnavalesca, não podemos hoje deixar de recordar que estamos apenas pepetuando – a dezenas de seculos de distancia – as antigas festas «Saturnais» dos vetustos tempos da fundação de Roma, ou ainda anteriores. Nessas festas aboliam-se as convenções sociais, não havia distinção de classes, usavam-se trajes disparatados, trocavam-se ditos improprios… enfim, era um perfeito entrudo, como nós ainda o fazemos.
E tais festas afinal, eram simplesmente o modo pelo qual essas gentes remotas celebravam o seu deus agricola, Saturno ou Cronos, filho do Céu e da Terra; não passavam, fundamentalmente, de uma celebração astronomica, pois a epoca fixada para elas (embora hoje divirja bastante) era a do Solsticio, ou como vulgarmente se diz, «o pino do inverno», quando o Sol, farto de avançar para o Sul, se resolve afinal a regressar para o equador, e verdadeiramente dá causa a recomeçar um novo ano, a renascer para um novo ciclo de calor e fecundidade, cujo advento assim era auspiciado com supersticioso jubilo.
Sendo hoje Lua Nova, já amanhã poderemos ver ao Ocidente, no crepusculo da tarde, o ténue crescente lunar, com a forma caracteristica de um D, em harmonia com a regra mnemonica de que «a Lua mente», pois mostra-nos um D quando cresce e um C quando diminui.
Em distancia a Lua vai afastando-se da Terra durante toda a semana.
Continuam a crescer os dias muito rapidamente, sobretudo de manhã, em que aumentarão nove minutos, aumentando de tarde apenas sete, o que dará um total de dezaseis [sic] minutos em toda a semana.
O planeta Marte ainda é bem visivel no céu ocidental, na constelação de Aries, tendo o seu ocaso duas horas e meia depois do Sol-posto. No sabado estará em conjunção com a Lua, que deslizará abaixo dele, mas a distancia bastante grande, e portanto sem oferecer especial interesse, tanto mais que ainda será com pouca escuridão.
Jupiter é estrela de alva, mas vai já perdendo esta qualidade, por madrugar demais, visto nascer já quasi quatro horas antes do Sol, com a constelação do Sagitario.
Saturno vê-se em Libra, nascendo pela meia noite.
Venus ainda se vê, logo antes de nascer o Sol, sendo ainda a verdadeira e autentica estrela da manhã, mas por pouco tempo.
Quanto a Mercurio só nos fins de Março poderemos tornar a vê-lo.
As constelações apresentam ao fechar-se a noite um aspecto muito semelhante ao já mencionado; vendo-se Orion ao Sul, tendo para Ocidente Tauro e Eisdano, e mais longe a Baleia e Pegaso; para Oriente vemos o Cão Maior, o Cão Menor, Leo, Câncer; perto do zenite, Auriga e Persen; e a Nordeste a Ursa Maior, ainda de cauda para baixo, por ser inverno.
FREDERICO OOM.