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Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.2748)

O jardim colonial

Magnificos exemplares da nossa flora africana e uma dotação exigua e paga fóra de tempo…

O que nos disse o ilustre professor sr. dr. Bernardo Fragateiro

O Jardim Colonial, o Museu, o Laboratorio e a Escola de Ensino Agricola Colonial são os fundamentais orgãos promotores, na metropole, do fomento colonial. Assim entendem as nações que consideram as colonias como continuação da metropole, vendo no oceano apenas solução de continuidade geografica.

Criado por decreto de 23 de Janeiro de 1906, da autoria do sr. dr. Moreira Junior, temos nós um Jardim Colonial, que por sinal é desconhecido de grande numero, do maior numero, da quasi totalidade dos portugueses. E essa ignorancia parece estender-se ás esferas governativas, tão menosprezado, tão desajudado – com honrosas excepções – ele tem sido dos poderes publicos.

Situado em local aprazivel, entre o Palacio Presidencial e o Palacio do Patio das Vacas, o ignorado Jardim, com um pouco de boa vontade dos governantes a somar á dedicação inexcedivel, ao amôr firme e ao carinho quasi paternal do seu director, sr. dr. Bernardo de Oliveira Fragateiro, o Jardim, iamos dizendo, estará, em breve, pronto a desempenhar a sua alta função de orgão promotor de fomento colonial.

(…)

Como o nosso intento era informar os leitores do «Diario de Noticias» das belezas ignoradas do desconhecido Jardim, solicitámos uns momentos ao sr. dr. Fragateiro, que, pondo de parte as cogitações e apuros em que se vê para suprir as deficiencias orçamentais, se dispõe num requinte de gentileza a acompanhar-nos, juntamente com o distinto regente agricola, sr. Antonio Marques Louro, numa digressão pelos bem cuidados arruamentos. Por toda a parte se nota ordem, método, inteligencia e dedicação a suprir a exiguidade das dotações orçamentais.

O especial objectivo do jardim e como é contrariado pela exiguidade de dotação orçamental

Como preambulo, pedimos ao sr. dr. Fragateiro que nos elucidasse sobre os fins do estabelecimento.

Ao que nos responde:

- Fornecer plantas ás colonias portuguesas e promover a introdução de novas culturas; servir de intermediario entre os serviços agricolas oficiais ou os agricultores das colonias portuguesas e os jardins botanicos, os jardins coloniais e viveiristas das diferentes nações e e os estabelecimentos oficiais das colonias estrangeiras e países quentes; fazer ensaios e promover a introdução de plantas economicas e exoticas na metrópole; fazer trabalhos de trematologia em plantas economicas das zonas tropical e sub-tropical; fazer o estudo sistematico da flóra economica, das colonias portuguesas e organisar os respectivos erbarios [sic]; contribuir, juntamente com o Museu Agricola Colonial, para o estudo economico das plantas e respectivos produtos das regiões tropicais e sub-tropicais, com o fim de elucidar sobre a possibilidade da sua exploração economica nas nossas colonias ou de melhorar as explorações existentes; promover o estudo da fitopatologia colonial e respectivos tratamentos preventivos ou terapeuticos; divulgar conhecimentos sobre a flóra e agricultura coloniais e fornecer, juntamente com o Museu Agricola Colonial, as informações sobre assuntos da sua competencia que lhe forem solicitadas por entidades oficiais ou particulares; contribuir, juntamente com o Museu Agricola Colonial e em harmonia com o disposto no art. 3.º do decreto n.º 2089, de 25 de Novembro de 1915 para que o ensino de Agronomia Colonial, ministrado pelo Instituto Superior de Agronomia, possa ser feito pela forma mais proveitosa possivel, e publicar, sempre que as circunstancias o aconselhem, um catalogo de plantas e sementes existentes no Jardim, com indicação das disponiveis para distribuição.

- E exerce cabalmente a sua função? – preguntámos [sic].

- Ninguem faz milagres. Imagine que quando o Jardim Colonial se instalou em 1906, no Jardim Zoologico, tinha a dotação anual de 4 contos. (…).

- Essa situação precaria é de ha pouco?

- A crise que tem tolhido o Jardim tornou-se mais aguda de 1918 para cá, tendo a sua direcção sido forçada a reduzir a mão de obra a proporções insuficientissimas para os seus multiplos serviços, a fazer culturas de rendimentos e a deixar de aquecer as estufas, o que determinou a morte de muitas plantas.

(…).

[NOTA - Contém duas fotografias]


Referência bibliográfica

[n.d.] - "O jardim colonial" in Diário de Notícias de 1 de Março de 1925, nº. 21232, p. 1, 2 (c. 6, c. 2). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2748.



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