SEMANA ASTRONOMICA
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Teremos este ano «hora de verão»?
Se ha assunto em que a vida ordinaria de todos os instante mais estreitamente depende da Astronomia, esse é o da contagem do tempo, da hora certa nos relogios. Porque – dê lá por onde der – essa contagem tem fatalmente de ir sempre fundar-se numa observação astronomica, boa ou má, rudimentar ou meticulosa. E por isso, hoje em dia todos os países civilizados recorrem, para ter horas certas, aos seus principais observatorios e ás pendulas de alta precisão que neles funcionam e que estão permanentemente sujeitas á mais exigente fiscalização, pois que é por centessimos [sic] de segundo que se cifra o rigor delas exigido correntemente.
Mas entretanto – talvez por isso mesmo – as questões de horas estão na actualidade na alçada de todo e qualquer devaneador, mais ou menos sincero e bem intencionado, que sonha imaginarias vantagens em falsear este elemento.
Longe de nós a ideia de repetir agora o que aqui mesmo dissemos em 14 de Maio de 1916. Neste casos em que todos …………
…prontos contendem, prontos decidem…
não ha razões nem argumentos que possam valer. Limitar-nos-êmos aqui a exarar platonicamente o voto de que cesse alguma vez definitivamente esse absurdo da hora de verão em Portugal, incomoda, anti-scientifica e absolutamente improdutiva – senão até contraproducente – para a questão das economias de luz, em que pese aos ilustres sabios, apostolos ferrenhos dessa ideia.
Temos agora uma semana de luar, tardio, mas ainda luminoso bastante. A Lua continua a vir aproximando-se.
Os dias ainda crescem rapidamente, 11 minutos de manhã e 7 de tarde. Ao todo já ganharam duas horas e meia desde 22 de Dezembro.
Mercurio teve no dia 5 a sua conjunção superior com o Sol (e não infeiror, como por lapso se disse), cursando a parte mais longinqua da sua orbita, para lá do Sol, em cuja radiação anda perdido á nossa vista. Passa agora a ser estrela da tarde e já no fim do mês o poderemos ver no crepusculo.
Venus apenas se vê uns instantes antes de nascer o Sol.
Jupiter em Sagitario, e Saturno em Libra vêem-se depois da meia noite, cada vez mais cedo.
O rubro Marte é bem distinto em Aries, ao anoitecer.
Seguem-se-lhe, não longe para a esquerda, as Pleiades e o olho do Touro, Aldebaran, tambem de côr avermelhada. Vai-se inclinando Orion para sudoeste; ao Sul culmina o Cão Maior, com Sirius; a Oriente eleva-se Leo, com Regulus, e surge do horizonte Arcturus, á qual aponta a cauda da Ursa Maior. Para Noroeste ergue-se ao alto Andromeda e perto do zenite estão Castor e Polux.
FREDERICO OOM.