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A hipertricose

A hipertricose, ou o desenvolvimento exagerado dos pêlos, constitui um dos grandes defeitos da estética feminina. Sempre os pêlos importunos revoltaram a natural «coquetterie» da mulher e em todos os tempos se tem procurado um processo de depilação, pratico e eficaz. Um pêlo é como uma planta: compõe-se de tronco e raiz. Cortando o tronco, a planta rebentará com mais vigor. É preciso, portanto, destruir a raiz. Tudo se resume nisto.

Partindo deste conhecimento, compreende-se facilmente que cortar ou rapar os pêlos é processo absolutamente ineficaz e até perigoso, porque estes, ao fim de algumas destas experiencias, deixam de ser finos e macios para se tornarem grossos e duros.

A depilação por meio de pinça é pouco recomendavel, porque, além de dolorosa e demorada, não destroi a raiz.

Ha ainda as pastas depilatorias, que tendo geralmente por base a cal ou o sulfureto de sodio, são sempre muito irritantes, e quanto ao efeito… é ainda o mesmo, apesar do seu uso e abuso ser velho como o mundo! Cleopatra usou-as e Catarina II da Russia tanto abusou delas que provocou uma dermatose cronica no labio superior.

Para destruir duma maneira definitiva os pêlos existe um unico processo: a depilação electrica, tambem chamada electrolise.

E será possivel fazermos a nós proprias a depilação por este processo? Não. A depilação electrica consiste em fazer penetrar dentro do foliculo piloso, e na propria raiz do pêlo, a corrente necessaria para a sua destruição. É preciso, pois, introduzir na derme a extremidade da agulha, mas fazê-lo com tal pericia que ela siga o trajecto do pêlo, que acaba na intumescencia glandular. A corrente electrica produz uma cicatriz no fundo do foliculo, e é indispensavel que esta cicatrização não venha aparecer á superficie dos tegumentos. Ninguem, portanto, terá a mão bastante firme para, em si proprio, introduzir a agulha no foliculo, mesmo diante do espelho. Sejam quais forem a sua habilidade e a sua atenção, a maior parte das vezes não acertará, deixando cicatrizes superficiais.

Bem feita, a electrolisação é, como já dissemos, o unico processo recomendavel; mal feita, pode deixar traços aparentes na pele. É, portanto, imprudente ter confiança em certos reclamos prometendo pôr ao alcance de todos um aparelho de electrolisar. O aparelho pode, realmente, ser bom, mas terá de ser utilizado por uma segunda pessoa, e essa mesma com a pratica e conhecimentos necessarios para uma operação tão delicada.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "A hipertricose" in Diário de Notícias de 13 de Maio de 1925, nº. 21304, p. 5 (c. 3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2776.



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