SEMANA ASTRONOMICA
XXII
Noites escuras com pouco luar são as que nos esperam nesta semaa, pois só no sabado será quarto crescente e ainda no domingo o luar mal passará da meia noite, além de pouco luminoso ainda. Em distancia a Lua está amanhã no apogeu da sua orbita, isto é, no ponto mais afastado de nós, e virá depois disso aproximando-se.
O comprimento dos dias já está quasi no maximo, pois apenas lhes falta proximamente um quarto de hora para igualarem o dia mais comprido do ano, que será em 23 de junho. Vão ainda crescendo, cada vez mais lentamente, e nesta semana ganham quatro minutos de manhã e cinco á tarde.
Decerto que na semana passada não se pôde observar nenhuma das conjunções que mencionámos, de Venus e de Mercurio com a Lua, porque a isso obstaram as nuvens, que aos astronomos só pelos seus maleficios se manifestam sempre. Nesta semana haverá hoje uma conjunção de Marte com a Lua, vendo-se o planeta acima do crescente, á distancia de uns sete diametros lunares; mas nem esta distancia é bastante pequena para dar qualquer especial interesse ao fenomeno, nem tão pouco o brilho de Marte o torna notavel actualmente, pois anda pelo de uma estrela de segunda grandeza.
Venus é que se devia ir mostrando já mais livremente no crepusculo da tarde, se não fôsse o persistente mau tempo com que as vicissitudes meteorologicas nos tem mimoseado, na verdade bem fóra de proposito, salvo o devido respeito…
Jupiter e Saturno acham-se em condições já menos más para a observação; sobretudo o segundo, que se vê toda a noite e que já nos apresenta o seu celebre anel numa inclinação muito favoravel, embora não ainda a maxima, que só atingirá daqui a quatro anos.
Se pudermos ver as constelações ao fechar-se a noite, encontraremos ainda ao Sul Leo, Virgo e o Corvo; a Sueste, Libra com Saturno, e mais acima, o Boieiro e a Coroa Boreal. Somem-se para Ocidente Orion, Tauro, os Cães, Gemini e Perseu. Surgem ao Oriente a Cruz Boreal, ou Cisne; mais acima a Lira, e logo abaixo a Aguia. Ao norte a Ursa Maior, ainda de cauda para a direita, vai já descendo do seu ponto mais alto; mais abaixo vemos a Ursa Menor e Cassiopeia. A Via Lactea mal se vê, porque se afasta pouco do horizonte entre Nordeste e Sueste, apenas.
FREDERICO OOM.
[NOTA - Este artigo de Frederico Oom corresponde ao n.º XXI da série, e não ao n.º XXII, como erradamente ficou impresso. Só no dia 1 de Junho seria publicado o n.º XXII]