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Texto da entrada (ID.2807)

Termas do Norte de Portugal

Salus

A Vichy Portuguesa

Se os que sofrem nada sabem a respeito das aguas «Salus», bastar-lhes-á este nome para desejarem experimentá-las.

A estancia hidro-mineral «Salus», situada na região de Vidago, concelho de Chaves, é servida por uma linha férrea que a liga á Régua (…).

Terreno granitico, céu esplendido, com um sol que brilha admiravelmente, dardejando os seus raios de preciosa acção terapeutica sobre uma altitude média de 360 metros, um regime de vento que excita a pele sem a mortificar; eis o conjunto de elementos teluricos, meteorologicos e topograficos, aos quais se ajunta uma vegetação cuja densidade e modo de distribuição produzem o maximo efeito higienico, realizando assim uma estação climatica que mesmo sem as suas miraculosas aguas já justificava, só por si, uma viagem a esse rincão do nosso Portugal, possuidor do maior tesouro que podemos encontrar – a saude («Salus»).

(…)

É uma agua do grupo das «alcalinas fortes», como a classifica o ilustre medico hidrologista e inspector das estancias hidro-minerais, sr. dr. Oliveira Luzes, na sua esplendida memoria que modestamente intitulou de «Apontamentos para o estudo das aguas minerais em Portugal».

A radioactividade da agua «Salus A», segundo as analises do professor Lepièrre, é dupla da de Vidago n.º 1. A alcalinidade da «Salus» é superior á de todas as aguas do seu tipo e apenas ligeiramente excedida por esta ultima.

Sabe-se hoje que a radioactividade é das mais nobres qualidades duma agua mineral; é por ela que se exercem muitas modificações no organismo, remanejando-o nos mais intimos tecidos, modificando o seu modo de vida celular. A constituição quimica vem em segundo lugar determinar algumas caracteristicas, mas ainda neste distrito é a teoria electrica que tenta explicar, pela ionização dos elementos mineralizadores, a acção bioquimica de tão precisoso agentes sobre a vida das celulas.

Podemos afirmar que nas aguas minerais se contém o grande misterio da vida, e vivas são elas trazendo á superficie da terra, numa constancia de temperatura e de caracteristicas fisico-quimicas, uma individualidade tal que, até para mais se distinguirem das aguas de origem superficial, operam alterações nos seres vivos que a sciencia apenas agora começa a interpretar, mas que na verdade estão ainda no grupo dos conhecimentos empiricos.

Registemos, pois, sem querer teorizar demasiado, o que se passa com a nossa «Salus», e a circunstancia dos seus efeitos não poderem ser ainda completamente explicados não nos deve impelir para a sua negação.

As aguas «Salus» são de efeitos terapeuticos admiraveis nas doenças da nutrição caracterizadas pela formação dum excesso de acido urico, como acontece no artritismo, dissolvendo e eliminando aquele veneno que tão ardilosamente se acumula nos nossos tecidos e no sangue, gerando acidentes terriveis, desde a gota á loucura, desde a diabetes á tuberculose, deade a arteriosclerose á hemorragia cerebral e desde o eczema ao reumatismo, com as suas consequentes lesões do coração.

Sabemos mais que estas aguas activam os fermentos digestivos, como a pancreatina, a pepsina, etc.

A sua acção antitoxica, em geral, é absolutamente evidente. Os seus efeitos terapeuticos sobre o estomago criaram-lhe a fama de especifica para as perturbações funcionais deste orgão, sendo certo, porém, que os resultados felizes que se manifestam nas doenças desta viscera são a soma da sua acção directa, local e da sua acção geral, melhorando as condições da vida dos elementos celulares, activando a circulação dum sangue puro.

Tudo indica que a sua acção sobre o figado é devida principalmente á «emanação» radioactiva, isto é, a esses gases raros que a «Salus» contém no estado nascente.

Todas as fomas de entero-colites, atonicas, espasmodicas ou mixtas são facilmente dominadas pela sua acção.

As doenças da pele (sobretudo o eczema) modificam-se rapidamente com o uso interno e externo da «Salus A», que é verdadeiramente milagrosa no tratamento desta afecção cutanea.

Para comodidade de descrição continuaremos, segundo o velho estilo, a chamar á «Salus» uma agua hipersalina e fria, bicarbonatada sodica, calcica, litinada, silicatada, fluoretada, arsenical, frea e gaso-carbonica.

A ultima analise, feita pelo insigne professor do Instituto Superior Tecnico e do Instituto de Hidrologia, sr. Charles Lepièrre, atribui-lhe uma mineralização total de gramas 7,742859, sendo a mineralização fixa de gramas 5,038769 e o acido carbonico na dóse de gramas 2,7049.

Menciona a presença de gases raros na percentagem de 0,15 % na totalidade dos gases dissolvidos e sob o ponto de vista bacteriologico classifica-a de purissima e isenta de contaminação.

Lançando um golpe de vista sobre o boletim da analise, vê-se que o bicarbonato de sodio é o sal dominante (gramas 4,04880), quasi igual á percentagem da da nascente «Hôpital» de Vichy, que é de todas as daquela estancia a mais bicarbonatada sodica (gramas 4,9868). A «Salus» dá-nos gramas 0,04270 de bicarbonato de litio, numero este que excede muito os gramas 0,0362 da dita nascente de Vichy, tambem a mais litinada.

O tipo destas aguas («Salus» e «Vichy») é o mesmo, já pelas suas caracteristicas quimicas, já pela sua radioactiviade, já pelos efeitos terapeuticos obtidos, e assim, num balanço imparcial, se vê bem que Vichy tem em Portugal uma rival que bem merece o nome de «Vichy portuguesa».

Além das modalidades de tratamento já em uso no estabelecimento nos anos anteriores, informam-nos de que novos métodos de tratamento crenoterapico vão ser iniciados ainda nesta época.

A secção fisioterapica vai ser enriquecida com uma perfeitissima instalação para tratamento pela «diatermia», para cujo exito é suficiente garantia o distinto medico hidrologista e fisioterapa sr. dr. Afonso Malheiro, a quem a empresa confiou todos os serviços da secção fisioterapica.

(…)

É justificavel que um doente vá lá fóra em procura duma estancia de aguas para este ramo de indicações terapeuticas?

[NOTA - contém várias fotografias]


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Termas do Norte de Portugal" in Diário de Notícias de 13 de Junho de 1925, nº. 21335, p. 7 (meia página). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2807.



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