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Texto da entrada (ID.2821)

SEMANA ASTRONOMICA

XXVI

Começa esta semana em dia de quarto crescente e acabará em vespera de Lua Cheia. Temos portanto noites de luar, progressivamente mais luminoso, embora pouco duradoura. A Lua andará pouco alta, pois que o Sol, achando-se nas proximidades do tropico de Câncer, tem agora a sua maior altura; esta situação inferior agora ocupada pela Lua tem como consequencia reflectir-se melhor a sua luz nas aguas do mar ou dos rios, emprestando assim maior encanto á paisagem nocturna.

Os dias vão já começando a diminuir, e não tardará que esta diminuição se torne muito sensivel; por enquanto é apenas de três minutos em toda a semana, e sómente de manhã, pelo que passará desapercebida.

Na sexta-feira estará a Terra no ponto da sua orbita, mais afastado do Sol. É sabido que, ao contrario do que muita gente imagina, no verão é que estamos mais longe do Sol, e no inverno mais perto. Não é dessa circunstancia que nos provém o maior calor ou menor; a razão destas variações climatericas é sobretudo fundada em estar o Sol mais ou menos tempo acima do horizonte e enviar-nos os seus raios mais ou menos obliquamente. Estaremos pois sexta-feira á maior distancia do Sol; a luz que dele nos chega leva, neste dia, 8 minutos e quasi 27 segundos a percorrer esse trajecto, precipitando-se através do espaço com a imensa velocidade de 300.000 quilometros por segundo, a maxima que pode ter qualquer movel, segundo as modernas teorias da Fisica e da Mecanica. Quando no inverno estamos á mais curta distancia, esse trajecto da luz é realizado em 8 minutos e 10 segundos apenas.

Dos planetas podemos já ver Venus como estrela da tarde, ou «Vespero», como lhe chamavam dantes, Mercurio não anda longe, mas ainda dificil de encontrar. Marte tambem se está aproximando, e para a semana teremos um proximo encontro destes três astros errantes, que será interessante observar.

Jupiter surge a Sueste na constelação do Sagitario, logo notavel pelo seu brilho preponderante que a todos excede.

Saturno permanece em Libra, e vê-se toda a noite em boas condições. Estará na quarta-feira em conjunção com a Lua ás três horas da tarde, e portanto ainda invisivel para nós, mas pela noite adiante lá o veremos a pouco e pouco ir-se distanciando do nosso satelite.

Das constelações agora visiveis pelas nove horas, ao fechar-se a noite temos: ao Sul o Escorpião com a sua figura caracteristica e tendo no coração a rubra Antares, rival de Marte na côr; o Leão, quasi a sumir-se no poente; a Corôa Boreal culminando sobre as nossas cabeças, com Hercules e a Lira, para onde vôa o nosso Sol arrebatando-nos com todo o sistema planetario a 19 quilometros por segundo; ao noroeste fica a Ursa Maior, com a cauda voltada para cima, sinal de estarmos em pleno verão.

FREDERICO OOM.


Referência bibliográfica

Frederico Oom - "SEMANA ASTRONOMICA" in Diário de Notícias de 29 de Junho de 1925, nº. 21351, p. 2 (c. 2). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2821.



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