Base de Dados CIUHCT

Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.2826)

SEMANA ASTRONOMICA

XXVII

Nesta semana, logo de entrada, tivemos ontem uma conjunção da Lua com o planeta Jupiter. Infelizmente, no instante da maior proximidade aparente dos dois astros, eles estavam ainda invisiveis, pois foi pelo meio dia. Mas logo que anoiteceu, pôde ver-se ainda a Lua Cheia a pouca distancia do fulgente Jupiter, para a esquerda; e á medida que foram correndo as horas, cada vez se tornou maior essa distancia, exemplificando assim visivelmente o movimento relativo dos dois astros.

Ontem tambem, a Lua esteve na sua maior proximidade, em todo este ano. A sua distancia á Terra foi apenas de 56 vezes a dimensão do raio terrestre.

Mas o principal interesse astronomico desta semana concentra-se no espectaculo que nos darão os dias de quinta, sexta e sabado. Veremos no crepusculo da tarde, ao Ocidente, os três planetas Venus, Marte e Mercurio irem-se aparentemente perseguindo em luta de velocidade: Mercurio alcançando Venus e passando-lhe adiante, quasi a tocar-lhe, pois a distancia minima entre ambos será apenas de 6 minutos de arco, ou seja a quinta parte do diametro lunar. Muito perto estará Marte, um pouco mais abaixo, assistindo quasi imovel a esse rapido deslizar. É no dia 11 que os três planetas estão mais proximos, cabendo todos três num espaço menor que o disco da Lua Cheia.

É pena que sómente Venus seja bem visivel, e isso nos servirá como ponto de referencia para os outros dois planetas. Mercurio terá o brilho de uma avantajada estrela de primeira grandeza, mas Marte, apenas esta de segunda, dificilmente se verá na luz crepuscular. Tudo isto ainda sujeito ás contingencias das nuvens proximas do horizone ao pôr do Sol, que na actual quadra nos ameaçam grandemente, ao que se tem visto.

As constelações agora visiveis, ao escurecer de todo, são pouco notaveis, e o luar mal permitirá distingui-las visto estarmos em plenilunio. Ao Sul notamos o Escorpião, sempre bem caracteristico, com a estrela de primeira grandeza Antares, avermelhada. Mais para Ocidente, a Balança e logo ao pé o planeta Satruno; mais á direita vão desaparecendo Virgo com a sua Espiga, e o Leão com Regulus. Para Oriente está o Sagitario, onde fulge o grande Jupiter, que actualmente chama todas as atenções pelo seu brilho superior a todos. Sobre as nossas cabeças pairam o Boieiro, a Corôa Boreal, Hercules e a Lira, assinalada pela branca Vega. Erguem-se no céu oriental a Aguia, o Cisne e o Golfinho; surge do horizonte Pégaso.

Ao Norte a Ursa Maior á esquerda e Cassiopeia á direita ladeiam a Ursa Menor, agora na sua posição mais elevada.

FREDERICO OOM.

[NOTA - O artigo contém uma liustração, cuja legenda é: “Posições relativas de Mercurio, Vénus e Marte nos dias 9, 10, 11 e 12 de julho de 1925”]


Referência bibliográfica

Frederico Oom - "SEMANA ASTRONOMICA" in Diário de Notícias de 7 de Julho de 1925, nº. 21359, p. 1 (c. 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2826.



Detalhes


Nome do Jornal


Mostrar detalhes do Jornal

Número

Ano Mês Dia Semana


Título(s) do Artigo


Título

Género de Artigo
Opinião

Nome do Autor Tipo de Autor


Página(s) Localização do Artigo na(s) página(s)


Tema
Astronomia

Palavras Chave


Notícia