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Texto da entrada (ID.2830)

SEMANA ASTRONOMICA

XXVIII

O formoso luar que nos encantou a semana passada vai terminar nesta, visto ter sido quarto minguante ontem e ser Lua Nova no proximo domingo. A Lua irá diminuindo em fase e nascendo sempre mais tarde, de sorte que mal se nos mostra no principio da semana e some-se de todo no fim. Em distancia vai afastando-se de nós.

O comprimento dos dias já diminuiu quasi um quarto de hora, mas por enquanto não se dá por isso, visto ser a diferença principalmente de manhã. Nesta semana continuam os dias perdendo 4 minutos ao pôr do Sol e 5 minutos ao nascer.

Depois das conjunções a que nos referimos ultimamente, os planetas Marte e Mercurio tornaram a ser quasi impossiveis de enxergar no clarão do crepusculo. Só a fulgente Venus, como estrela da tarde, vai aumentando em brilho e em distancia aparente ao Sol, de modo que, de dia para dia, se vai tornando mais notavel. Até ao fim do ano lá a teremos sempre, nesse papel de «Véspero», não talvez tão belo e sugestivo como o de «mensageira do dia» quando aparece de madrugada, mas certamente mais visivel para muito mais gente.

Rivalizando com ela, surge-nos agora a Sueste, logo ao anoitecer, o rutilante Jupiter, e fica bem notavel toda a noite, sempre na constelação do Sagitario. Ao Sul, na de Libra, aparece-nos Saturno, tambem como estrela de primeira grandeza, e durante quasi toda a noite apresentando-nos o seu famoso anel em inclinação muito favoravel.

Dos quatro cometas telescopicos que andam agora pelo céu, nenhum oferece especial interesse; o ultimo, porém, talvez venha a tornar-se visivel á vista desarmada, pois deve estar em agosto na sua menor distancia ao Sol.

Escuras noites sem luar vão-nos permitir contemplar mais facilmente as constelações pouco notaveis que agora povôam o céu. Ao Sul continua a contorcer-se o Escorpião e acima dele estende-se a Serpente. Á direita vemos os quatro lumes da Balança ou Libra, e mais longe a constelação de Virgo, com a sua estrela de primeira grandeza, a Espiga, quasi igual a Saturno, que não lhe fica longe. Á esquerda vemos o Sagitario junto á região mais luminosa da Via Lactea, e logo a seguir destaca-se o grande Jupiter. Do Oriente vem nascendo Pégaso; ao alto ficam a Lira e o Boieiro. A Ursa Maior, ao Noroeste, com a cauda para cima, indica-nos ser verão. A Nordeste, Cassiopeia com aspecto de W. Entre ambas, a Ursa Menor, como que fazendo equilibrios sobre a Estrela Polar.

FREDERICO OOM.


Referência bibliográfica

Frederico Oom - "SEMANA ASTRONOMICA" in Diário de Notícias de 13 de Julho de 1925, nº. 21365, p. 1 (c. 3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2830.



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