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Texto da entrada (ID.2837)

SEMANA ASTRONOMICA

XXIX

É hoje Lua Nova e ha um eclipse do Sol. Mas, infelizmente, não o podemos observar, pois isso está reservado desta vez aos habitantes das ilhas do Pacifico, ao sul do equador.

Como é sabido e evidente, só na ocasião do novilunio pode haver na Terra qualquer eclipse do Sol. Desta vez o eclipse é anular, isto é, nunca chegará a desaparecer completamente o disco solar, porque hoje mesmo passa a Lua no apogeu da sua orbita, e portanto na sua maior distancia a nós, pelo que o seu diametro aparente está muito pequeno e não chega para encobrir de todo o Sol. Mesmo na linha do eclipse central, no momento de maior fase, ainda se ficará vendo uma orla luminosa rodeando o disco negro da Lua durante uns seis minutos. Mas só na ponta Norte da Nova Zelandia e em três ou quatro pequenas ilhas da Polinesia isto se poderá observar. No resto do Pacifico Sul e no Oriente da Australia ver-se-á apenas um eclipse parcial. Pouco observado será.

Na tarde de quarta-feira teremos um espectaculo interessante: o crescente lunar acompanhado pelos três planetas que andam á porfia no céu ocidental, ao Sol-posto. Como dissemos ha quinze dias em caso analogo, deverá ver-se bem a fulgente Venus á esquerda da Lua e mais para a esquerda poderá reconhecer-se Mercurio, como estrela de primeira grandeza. Á direita da Lua estará Marte, nmas como não excede a segunda grandeza, mais dificil será encontrá-lo.

Pena é que não habitemos a America, porque lá o espectaculo será mais interessante, vendo-se deslizar a Lua muito perto de Venus, quando em Lisboa fôrem duas horas da madrugada. Ainda mais perto de Marte deverá ter ela passado ao meio dia dessa mesma quarta-feira, e portanto sómente observavel no Oriente, por exemplo, na India.

Os dois restantes planetas notaveis, Jupiter e Saturno, continuam quasi imoveis nas constelações do Sagitario e da Balança, como precedentemente. Vêem-se muito bem toda a noite; Saturno, como estrela de primeira grandeza pouco scintilante, e Jupiter excedendo em brilho todas as estrelas do céu. Será curioso, para quem possua uma vista excelente, procurar ver junto a este planeta, á direita ou á esquerda dele, alguns dos seus quatro principais satelites, primeiros astros que o telescopio, apenas inventado por Galileu, logo descobriu no céu. Ha exemplos de se distinguirem á vista desarmada, mas são muito raros, e revelam um orgão visual da mais estranha perfeição.

Continuamos vendo ao Sul o grande e sinuoso Escorpião, ladeado á direita pela Balança, com Saturno, e á esquerda pelo Sagitario, com Jupiter. Somem-se ao Ocidente, Leo, Virgo e o Côrvo. No alto pairam o Boieiro, Hercules, a Lira. A Via Lactea vai de Sul a Norte acompanhando o Sagitario, a Aguia, o Golfinho, o Cisne e Cassiopeia. A Noroeste está a Ursa Maior, tendo a cauda voltada para cima, como costuma no verão.

FREDERICO OOM.

[NOTA - Contém uma ilustração, cuja legenda é: “Posições relativas de alguns astros em 22 do corrente”]


Referência bibliográfica

Frederico Oom - "SEMANA ASTRONOMICA" in Diário de Notícias de 21 de Julho de 1925, nº. 21373, p. 1 (c. 8). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2837.



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