SEMANA ASTRON[O]MICA
[XXX]
O crescente da Lua Nova já na quarta-feira passada apareceu bem visivel, acompanhado pelos planetas Venus, Mercurio e Marte, como foi indicado. De então para cá vem aumentando a fase, com a regularidade matematica tão peculiar aos fenomenos astronomicos, e já amanhã será quarto crescente, estando a Lua no meridiano pelas seis horas e meia da tarde, com o aspecto caracteristico de um D, segundo a conhecida regra mnemonica de que: «a Lua mente» mostrando um D quando cresce e um C quando diminui.
Nesse mesmo dia, pelas onze horas da noite, estará ela em conjunção com Saturno, passando acima dêste planeta á distancia de uns seis diametros lunares. Será curioso ir vendo, á medida que a noite avança, o sensivel deslizar da Lua, junto ao planeta aparentemente imovel no firmamento, apenas caminhando para o ocaso, como qualquer outro astro.
No domingo, estando a Lua já quasi cheia, novamente veremos um espectaculo semelhante, mas então relativamente ao fulgente Jupiter. A conjunção será ás seis horas da tarde, ficando o planeta mais para o Sul, a uma distancia de uns quatro diametros lunares. Espectaculo interessante de contemplar, como prova visivel de quanto a astronomia está senhora das leis que regem os movimentos celestes.
Temos assim nestes dias uma série de referencias bem aparentes ás posições que ocupam os grandes planetas Jupiter e Saturno, como na semana passada tivemos para os outros, Venus, Mercurio e Marte.
Este ultimo pode dizer-se que tem por agora terminada a sua carreira, com tanta popularidade iniciada no verão passado. Agora só em novembro o tornaremos a achar e então sómente de madrugada, mal visivel no arrebol da manhã.
Mercurio tambem se nos vai ocultar daqui a pouco, mas antes disso estará, na quinta-feira, em conjunção com Venus e poderá assim encontrar-se ainda facilmente, porque esta cada vez se mostra mais notavel no crepusculo da tarde, sempre a crescer em brilho e a demorar-se mais tempo no céu.
As constelações visiveis pouco diferem das que mencionámos; é a Lira, com a sua lucida Vega que ocupa o zenite; seguem-se-lhe para Leste o Cisne ou Cruz Boreal e a Aguia, ambas na Via Lactea. Ao Sul vai-se demorando o Escorpião, entre a Balança e o Sagitario. No Oriente vem surgindo Pégaso e Andromeda e no Ocidente some-se o Leão, ao passo que a Ursa Maior tende a descer para o horizonte a Noroeste.
FREDERICO OOM.