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Texto da entrada (ID.2852)

SEMANA ASTRONOMICA

XXXI

Começa esta semana em pleno luar, esse afamado «luar de Agosto» a que alude o conhecido ditado, comparando-o em beleza ao das noites de Janeiro. Tudo isto tem uma explicação e uma razão de ser astronomicas. O luar de Janeiro é, de facto, como então aqui dissemos, o mais deslumbrante. Mas o de Agosto «dá-lhe de rosto» porque, andando a Lua muito baixa, o encanto da sua luz reflectida nas aguas, em noites geralmente amenas e temperadas, torna soberanamente deleitoso e poetico o nosso «lindo luar» nesta quadra.

É hoje que a Lua está mais proxima de nós, quasi tanto como esteve em principio de Julho. Neste ano foram estas as menores distancias a que estará da Terra, as quais, em todo o caso, orçam por 56 vezes a dimensão do raio terrestre.

Amanhã haverá um eclipse da Lua, coisa que, evidentemente, só em ocasião de plenilunio pode dar-se. Não será porém visivel senão para os habitantes do Pacifico, da Australia e da Asia, pois tem lugar quando contarmos meio dia.

O Sol cada vez vai nascendo mais tarde e pondo-se mais cedo. Por isso os dias vão depressa encurtando, e já sensivelmente. Nesta semana perdem seis minutos de manhã e sete de tarde, ou sejam [sic] treze minutos ao todo. Desde o dia 23 de Junho já perderam três quartos de hora.

Não ha agora estrela da manhã. Venus continua e continuará a ser estrela da tarde; Marte desapareceu na irradiação solar; Mercurio para lá caminha. Mas vai fulgindo toda a noite, pelo Sul, o gigante Jupiter, chamando para si todas as atenções. Saturno, mais modestamente, imita apenas o brilho de uma simples estrela de primeira grandeza, baça e sem scintilação.

Com noites de luar intenso mal se podem distinguir agora as constelações pouco notaveis que povoam o céu nesta epoca do ano. No zenite, ao fechar-se a noite, vemos Vega, a brilhante estrela da Lira; ao poente vai desaparecendo o Leão; ao sul está ainda o caracteristico Escorpião, tendo no coração a rubra Antares, sinal de Marte na côr; á direita dele vemos a Balança com Saturno e á esquerda o Sagitario com o rutilante Jupiter. Para o nascente vemos surgir Andromeda acorrentada ao seu rochedo, despontando tambem já no horizonte o seu libertador Perseu. Ao noroeste a Ursa Maior vai aproximando-se da sua posição mais baixa que terá no outono.

FREDERICO OOM.


Referência bibliográfica

Frederico Oom - "SEMANA ASTRONOMICA" in Diário de Notícias de 3 de Agosto de 1925, nº. 21386, p. 1 (c. 7). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2852.



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