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SEMANA ASTRONOMICA
XXXIV
Vamos indo para um novo periodo de noites de formoso luar que ainda nos oferece as caracteristicas a que antes aludimos e que emprestam um especial encanto ás noites de Lua nesta quadra. O quarto crescente é na quinta-feira, portanto só no fim da semana a Lua terá fase e permanencia no ceu bastantes para se nos tornar verdadeiramente aproveitavel.
Em distancia actualmente vem ela aproximando-se da Terra.
O planeta Mercurio, agora completamente invisivel, estará na terça-feira em conjunção inferior, quere dizer, no ponto da sua orbita que fica entre a Terra e o Sol. Ás vezes sucede passar exactamente na direcção deste astro, e então torna-se bem visivel, nesta ocasião, como um ponto negro que vai atravessando o disco luminoso do Sol. Chama-se a este fenomeno – que é analogo a um eclipse solar – um «transito de Mercurio sobre o disco do Sol». Houve um caso destes em 8 de Maio de 1924, mas em Portugal só foi visivel o fim do fenomeno, e, esse mesmo, quando o Sol acabava de nascer e, portanto, oferecia uma imagem muito turva. Haverá outro em 10 de Novembro de 1927, em condições um pouco mais favoraveis, e depois deste só tornará a haver em Novembro de 1940.
Marte só em 13 de Setembro chegará tambem a cruzar-se com o Sol, mas está já tão perto dele que só para Novembro o poderemos tornar a vêr.
Por esse tempo terá chegado a vez a Saturno de se esconder á nossa vista, ofuscado pela radiação solar; mas por agora lá vai brilhando com a sua luz baça na constelação de Libra.
O astro agora entre todos preponderante é Jupiter, que ao Sul brilha com viva intensidade, em Sagitario, durante toda a noite.
Quanto ás constelações, a figura que publicámos na semana passada dispensa novas indicações. É curioso recordarmos que sobre as nossas cabeças pairam a Lira e Hercules, região para onde o nosso Sol vai arrastando todo o seu cortejo de planetas, á velocidade de quasi 20 quilometros por segundo, mais de setecentas vezes a dos mais rapidos comboios.
Para nordeste, na constelação de Andromeda, lá achamos a celebre nebulosa, unica visivel á vista desarmada, longinquo Universo analogo ao nosso. As vibrações luminosas que impressionam a nossa retina ao contemplarmos esse tenue objecto foram por ele emitidas ha 900.000 anos! Só agora cá chegam, correndo sempre, vertiginosamente, com a velocidade de 300.000 quilometros por segundo que é a da luz!
FREDERICO OOM.
Referência bibliográfica
Frederico Oom - "SEMANA ASTRONOMICA"
in Diário de Notícias
de 24 de Agosto de 1925, nº. 21407, p. 1 (c. 7). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2878.
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Astronomia
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