O fabrico da cerveja

Maltagem

Em artigos anteriores («Noticias Agricola» de 25 de junho e 9 de julho) referimo-nos ás duas principais matérias primas empregadas no fabrico da cerveja, tentando mostrar como elas podem constituir elementos importantes para o aumento da nossa riqueza agricola. É a cevada a principal base para o fabrico da cerveja, mas outros cereais podem tambem entrar no seu fabrico, tais como o milho e o arroz. (…).

A transformação da cevada em cerveja, sendo semelhante á transformação do mosto da uva em vinho, pela acção de certos fermentos, diverge destas porque, existindo na uva já formado o açucar que se deve transformar em alcool, na cevada é mister fazer aparecer préviamente este açucar, para que possa depois dar-se a fermentação alcoolica.

É justamente a operação que tem isto por fim, que constitui a primeira operação para o fabrico da cerveja, e que se chama «maltagem».

A maltagem é, em resumo, a germinação incompleta do grão de cevada, com o fim de transformar o amido em substancias soluveis e sacaraficaveis.

Se bem que o fabrico da cerveja seja já antigo entre nós, o do malte tem-se mantido até agora em um estado verdadeiramente rudimentar, de modo que o país se tem mostrado quasi totalmente deficitario do estrangeiro deste produto. Aperfeiçoando-se e desenvolvendo-se cada vez mais o fabrico da cerveja entre nós, a quantidade de malte consumido já é suficientemente importante para servir de base á nova industria da «maltagem». A fabrica de cerveja «Portugalia» tem já uma importante instalação com este fim, com uma capacidade produtora suficiente para abastecer-se a si e a outras fabricas, e possivelmente mesmo para exportar. (…).

Nas malterias modernas, como é a da Portugalia, usa-se um outro [sistema] diferente, dito «pneumatico», que, entre outras vantagens, tem o de não exigir grandes areas. O principio em que este sistema se funda é fazer cicular [sic] através dos grãos, correntes alternativas de ar humido ou seco, quente ou frio, conforme as necessidades do fabrico. O processo de tambores ou cilindros é o mais vantajoso, por ocupar menos espaço. Postos em geral em séries maiores ou menores, conforme a importancia do fabrico, os tambores estão em continuo movimento de rotação, de modo a tornar homogenia [sic] a acção do ar humido, aquecido ou não, conforme as necessidades, que é injectado para o interior dos cilindros. (…).