Semana astronómica XXXV

O luar desta semana já não é verdadeiramente “de Agosto”, esse afamado luar que o aforismo contrapõe ao de janeiro como “dando-lhe de rosto”. Mas, na verdade, as circustancias astronomicas da situação da Lua, pouco elevada acima do horizonte, conjugam-se com os metereológicos de amenidade na temperatura e limpidez na atmosfera - que neste momento parecem querer honrar as suas tradições, depois de tanto a eles terem faltado - para nos darem ainda neste mês as mais lindas horas de luar, espelhando-se nas aguas calmas e convidando a gosar das noites luminosas.

É lua cheia na quarta-feira. Na vespera terá alua atingido o perigeu da sua orbita, aproximando-se da Terra à distancia de quasi 37 raios terrestres, ou sejam realmente uns (?) 60.786 quilómetros, que a luz percorre em seis quintos de segundo.

Dos planetas temos agora Mercúrio como estrela da manhã desde o dia 25, mas tão fraco e tão perto do Sol que é impossível ver-se.

Marte, é igualmente invisivel por identicos motivos.

Mas em compensação temos como fulgente estrela da tarde a linda Vénus, que vai, dia a dia, melhorando em posição e brilho. Até ao ano que vem lá ocupará este lugar de destaque no papel de “Vespera” como lhe chamavam os antigos neste caso, quando supunham serem dois astros diferentes os que assim apareciam de manhã e de tarde.

Em Libra permanece o velho Saturno, já inclinando cedo para o oceano. Em Sagitário resplandece o grande Júpiter. Logo ao anoitecer, ao Sul, conservando-se visivel bastante tempo, até depois da meia-noite.

Por enquanto as constelações vão tendo o aspecto que indicámos há quinze dias, apenas um pouco mais cedo de dia para dia. Ao poente vai desaparecendo Libra e Boeiro; a nascente vem surgindo a baleia e os Peixes zodiacais, seguidos mais tarde por Aries e por Touro, com o seu caracteristico “Setestrelo” ou Pleiades. A Ursa Maior, de cauda para a esquerda, por irmos no outono, vai-se aproximando do horisonte norte.

Frederico OOM