Encontramos n’uma revista de sciencia:

“Infelizmente, por assim dizer, não é possivel prevenir os incendios nos theatros, mas não se poderia diminuir o numero das victimas, visto que esses incendios causam verdadeiras catastrophes?

Sabe-se que taes hecatombes resultam da asphyxia por gazes toxicos ou pelo fumo, cuja velocidade de propagação é prodigiosa. Um decimetro cubico de vapores combustiveis dá alguma coisa como dois metros cubicos de fumo, acido carbonico, oxydo de carbonio. Bastam esses dois metros cubicos para tornar irrespiraveis 20 metros cubicos de ar; n’uma sala ordinaria, de 8000 metros cubicos, bastaria, pois, a combustão de 400 decimetros cubicos, quasi o volume do pano de bôcca, para entoxicar todos os espectadores!

Não existe nenhum meio de prevenir os desastres?

Mr. Malard ,que passou quasi toda a existencia nos theatros, entende que é elementar não procurar prevenir os incendios, mas expellir para fóra os gazes provenientes de combustão.

Consiste o seu processo no estabelecimento, na parte superior do palco, ao cimo do panno metallico, de chaminés fechadas na parte inferior quando o mesmo panno está levantado e abertas quando descer.

N’estas condições, se um comêço de incendio se declara, os gazes toxicos são arrastados para fóra, e actores e espectadores acham-se ao abrigo do principal dos perigos, a evacuação do theatro póde assim fazer-se quasi que em condições normaes.