Representa-se muitas vezes o centro da terra como constituido de materias fluidas, liquidas ou ainda gazosas. Ora, não ha nada mais provavelmente inexacto.

Tem-se feito numerosas theorias, muitas vezes contradictorias, sobre o estado do centro da terra, theorias que são baseadas sobre dados d’ordem geologica, mathematica ou physica.

Muitos auctores allemães tentaram recentemente resumil-as (Wiechert, “Deutsche Rundschan”, 1907) e a universidade de Iena poz a concurso este assumpto, tendo sido premiado o trabalho de M. H. Thiene (Iena, G. Fischer, 1907, 102 pp.)

Este auctor expõe em primeiro logar todas as hypotheses emittidas sobre o estado do centro da terra, desde os philosophos gregos até aos nossos dias; depois mostra quaes são os fracos precisos em que as modernas theorias se podem apoiar.

Combinando a exposição d’este auctor com a de M. Wiechert, e com dados adquiridos por outros, eis approximadamente o que se sabe de preciso sobre o estado do centro da terra:

Muitos methodos, differentes nos seus principio mas bastande de accordo nos resultados, permittem medir a densidade da terra; é esta, no seu conjuncto, superior a 5. Como as camadas superiores da crosta teem uma densidade muito fraca (agua: 1; rochas:2,5 em media), deduz-se que o interior da terra tem uma densidade visinha de 7,7, isto é, da do ferro.

Por outro lado ha uma serie de dados muito concordantes sobre a rigidez da terra. Pode-se medil-a, pelo estudo das anomalias dos movimentos do polo e pela medida da velocidade dos tremores de terra. Com estes elementos, chega-se á conclusão que a rigidez do centro da terra é superior á do aço.