Texto da entrada (ID.2975)
Um sabio, um modesto, um d’aquelles cujo nome é desconhecido das multidões, mas cuja obra tem revolucionado o mundo, Branly, approximou-se um dia, ha muito tempo já, das fontes da vida. Approximou-se d’ellas sem o saber, quando effectuava as suas maravilhosas experiencias ácerca das ondas hertzianas. Mas ao mesmo tempo que descobria a telegraphia sem fio, deixando a outros o cuidado de a explorar, tambem approximou a vida das outras forças da natureza sem quasi ousar dizel-o.
Tenho deante de mim a communicação feita ao instituto ácerca das analogias entre o systema nervoso e a conductibilidade electrica. É interessante lêr estas tres paginas onde o sábio, com a linguagem precisa dos homens de sciencia, levanta uma ponta do véo, recua assustado perante a grandeza da sua obra e se esforça em reduzil-a ás proporções restrictas d’uma experiencia devida ao acaso.
Eis a experiencia:
A electricidade, força desconhecida da natureza, mas dominada nas suas mais diversas manifestações, propaga-se geralmente, seguindo corpos chamados conductores.
Para que haja corrente, isto é, passagem de electricidade, é preciso que o conductor seja continuo. Do mesmo modo no corpo humano, a corrente nervosa propaga-se seguindo as ramificações dos systema nervoso. A analogia é impressionante, se é verdade que os nossos nervos são conductores continuos.
Ella existe ainda se, em conformidade com a theoria dos nervos, se admitte que o nosso systema nervoso é composto de elementos descontinuos mas contiguos.
Estes elementos actuam então à maneira de parcellas de limalha contidas no cohesor de Branly, que tem sido o orgão essencial da telegraphia sem fio.
Esta limalha, submettida ás oscillações das descargas electricas, torna-se conductora á maneira de um conductor continuo. Deixa de o ser quando submetida a um choque cuja violencia deve estar em relação com a grandeza da faisca que estabelece a corrente.
Do mesmo modo os nervos cuja contiguidade garante a passagem do influxo nervoso, podem deixar de ser conductores sob a influencia d’um choque ou traumatismo. D’ahi perturbações profundas no organismo, neurasthenias ou hysterias.
Ora, se o tubo cheio de limalha se torna conductor sob o effeito da descarga electrica, os nervos retomam a sua contiguidade sob o effeito da mesma descarga.
A conductibilidade nervosa restabelece-se como a conductibilidade electrica.
O rythmo da vida está submettida á oscillação mechanica das descargas electricas.
Referência bibliográfica
[n.d.] - "Pela sciencia - Theoria dos nervos"
in Diário dos Açores
de 12 de Maio de 1909, nº. 5371, p. 1 (col. 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2975.
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