Sabe-se bem que não ha n’esta experiencia mais do que analogias. Estas analogias são todavia espitaes. Trazem á sciencia da vida um caminho novo. O sr. d’Arsonval havia já, por meio das correntes d’elevada frequencia, exercido effeitos therapeuticos quasi milagrosos nas enfermidades, como a arterio esclerose, devidas ao enfraquecimento da nutrição. A descarga electrica, bastante poderosa para estabelecer a contiguidade desapparecida dos nervos, é uma nova victoria sobre o mysterio que nos envolve. Em que profundidades estas forças dissemelhantes, electricidade e vida, se vão juntar? De que rythmo inicial descendem as vibrações dos conductores electricos e as do systema nervoso? O véo, apenas levantado, torna a cahir sobre o idolo da sciencia. Não importa. O espirito do homem condul-o para a unidade. A sciencia d’uma só força está mais perto da verdade do que a que attribuia a cada modo de vibração uma origem differente. Durante muito tempo tem o homem prescrutado a natureza e a vida para d’ellas tirar elementos simples. Hoje a analyse já não lhe basta. Pretende fazre uma synthese dos seus conhecimentos, afim de se elevar para o desconhecido. Se este desconhecido é a verdade, que voz se levantará para o condemnar? Se o homem se enganar, recomeçará mais tarde. Em vez d’attingir o cume por um impeto sublime, subirá lentamente os degraus, um a um. Entre a verdade absoluta e o erro relativo ha o esforço dos seculos futuros a edificar sobre o esforço dos seculos passados.

[n.d.] - "Pela sciencia - Sciencia da vida" in Diário dos Açores de 12 de Maio de 1909, nº. 5371, p. 1 (col. 2-3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2976.

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