O professor Ruhmer, de Berlim, conhecidissimo pelos seus notaveis trabalhos sobre telegraphia e telephonia sem fios, acaba de construir um apparelho de experiencia para demonstrar que encontrou a solução do problema da visão à distancia. Compõe-se esse apparelho de uma pantalha dividida em 15 secções por detraz de cada uma das quaes se encontra uma pequena pilha electrica de selenium muito sensivel e cuja parte de inercia pôde ser eliminada graças a um novo processo descoberto pelo proprio inventor. A sua extrema sensibilidade faz reaccionar o selenium á menor variação que soffre a luz que n’ella dá. Para a transmissão da imagem, basta reproduzil-a por meio de um projector sobre a pantalha da estação de sahida; na estação de chegada da pantalha analoga comprehendendo igual numero de secções e cada uma d’ellas em relação correspondente ás secções da outra. As variações da luz da pantalha transmissora, reproduzindo fielmente os jogos de claro escuro da imagem que se transmitte, transformam-se através dos fios conductores em variações electricas, que na pantalha da estação de chegada se convertem em variações luminosas correspondentes. Assim a imagem projectada na pantalha da estação de partida, torna-se quasi instantaneamente visivel no outro extremo da linha sobre a pantalha receptora, porque a transmissão effectua-se em menos de um quinto de segundo, o que torna possivel a reproducção das imagens vivas ou em movimento. No apparelho televisionista as pantalhas transmissora e receptora conterão cada uma 10000 secções identicas, provida cada uma d’ellas da sua pilha de selenium e do seu galvanometro de espelho. O apparelho será de uma extrema precisão e o seu custo não importará em menos de seis milhões de francos, e constituirá, ao que parece, o mais notavel que se poderá vêr na exposição de Bruxellas do anno proximo- Vem a proposito dizer que para a solução do problema da visão a longa distancia emprehendeu o finado conde de Campo Bello importantes estudos, cujos resultados finaes a sua morte não deixou concluir.

Syll - "Impressões e notas - A visão a distancia" in Diário dos Açores de 4 de Dezembro de 1909, nº. 5540, p. 1 (col. 3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3167.

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