Texto da entrada (ID.3182)
Trata-se da transmissibilidade da tuberculose pela saliva.
Mas, dar-se-á o caso que a saliva contenha e possa transmittir germens de doença? Sem duvida nenhuma.
A tuberculose, a difteria, as anginas, as estomatites de diversa natureza, as aphtas e outras afecções locaes ou geraes, podem facilmente contagiar-se por meio d’esse liquido segregafo pelas glandulas salivares, linguaes, labiaes e palatinas. E, não nos deve admirar a sua susceptibilidade e poder para um tal resultado, visto como não são sómente esses agentes physicos e especificos que ahi residem, ahi estão muito á sua vontade, e que sobre ella actuam, cultivando-se para se tornarem perfidos venenos.
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Digno é de se registar que muito se tem prégado sobre o perigo da espectoração como transmissora do bacillo de Kock e que muitas precauções teem sido aconselhadas aos doentes desta classe, a fim de garantir a saude geral dos que não são nem querem ser tuberculosos; mas pouco ou nada se tem dito ácerca da saliva, que frequentemente está contaminada, succedendo até haver casos em que se não encontram bacillos especificos na espectoração e vão encontrar-se nesse humor aquoso que habitualmente molha a cavidade da bocca.
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É evidente que se não pretende dar a este modo de transmissão uma importancia exaggerada, mas, do que fica exposto, infere-se que é sobretudo preciso acabar com a pratica de humedecer com saliva os envelopes (...)
Muitos são os microbios que se alojam na boca, e, entre estes, figuram crueis inimigos nossos, taes como os estaphylococcus, os pneumococcus, o bacillo pulmonar de Kock, o coli-bacillo, o da febre typhoide, promptos sempre a prepararem os malignos dolos.
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Ha, por conseguinte, necessidade grande de conservar sempre a cavidade da bocca em condições de uma boa desinfecção.
Todavia, nem todos os desinfectantes possuem a energia bastante para annular esses germens; o acido borico e o borato de soda produzem o effeito benefico de toda a lavagem, mas, são desinfectantes muito moderados; o bysol e o thymol são mais poderosos, não submettendo comtudo os pneumococcus e os bacillos da carie dos dentes. Já o menthol é muito mais activo. Um bom desinfectante na especie, barato e seguro, é a agua com sal (8:1000), a que se juntam 100 grammas de alcool e 50 de glycerina.
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Referência bibliográfica
G. Ennes - "Um perigo que anda á solta"
in Diário dos Açores
de 22 de Dezembro de 1909, nº. 5554, p. 1 (col. 1-3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3182.
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