Texto da entrada (ID.3309)
“Por ser verdadeiramente interessante, vamos transcrever um trecho do folheto que o sr. Frederico Oom, illustre astronomo do observatorio da tapada da Ajuda, escreveu a proposito do eclipse total do sol, de 28 do mez passado, visivel em diversos pontos do continente.
«O disco solar a certa hora, que a astronomia nos permitte muito rigorosamente annunciar com uma antecedencia de milhares de annos, começa a mostrar-se elevado de um lado, e a pouco e pouco vae sendo como que destruido por invisivel causa, transformando-se n’um crescente sucessivamente mais delgado. Se o eclipse é ‘parcial’ não passa o phenomeno d’aqui (...)
Se, porem, o eclipse tem de ser ‘total’ para a localidade onde se encontra o observador, a porção visivel do disco solar vae sempre diminuindo, e chega a ponto de tornar muito sensivel a diminuição da claridade do dia.(...)
Como por encanto aparece ali um formosissimo objecto, a chamada ‘coroa solar’, luminosa auréola de cor branca argentea ou aperolada, no centro da qual se apresenta como um globo negro a Lua, cuja forma espherica se mostra então estranhamente perceptivel, em vez do aspecto de disco plano que habitualmente lhe conhecemos.
D’esta auréola partem em direcções variadas, raios e fitas luminosas de formas e estrutura curiosissimas, uns rectos, outros curvos; uns finos e agudos como settas, outros curtos e largos como petalas de flôres, e todos reunindo-se por delicadissimos fios de luz nos mais caprichosos desenhos. Junto ao bordo negro da Lua, o brilho é relativamente deslumbrante, mas ainda assim destacando-se sobre esse fundo luminoso, apparecem aqui e acolá umas chamas vermelho-rosadas de aspecto caracteristico, luzindo como brasas.
São estes phenomenos que principalmente attraem os astronomos de longas terras áquellas regiões onde o eclipse é total. As chamas vermelhas, a que se chama protuberancias solares, ja hoje podem ser observadas diariamente sem dependencia de eclipse, mas a corôa ainda não pode ser vista senão em eclipses totaes, de modo que um tão notavel e complexo objecto somente durante poucos minutos pode ser estudado. Por isso tambem é ainda altamente mysterioso (...) ainda numerosos problemas scientificos se agitam a seu respeito. (...)”
Referência bibliográfica
[n.d.] - "Descripção summaria do eclipse do sol"
in Diário dos Açores
de 21 de Junho de 1900, nº. 2763. Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3309.
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Astronomia
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