“Contudo, meus senhores, o serviço por vós prestado conquanto grande é incompleto: o vosso Gabinete não está apto para servir inteiramente a hygiene nem a clinica, como o poderá fazer desde o dia em que lhe juntardes uma installação de chimica e uma de histologia.

A bacteriologia e a chimica têm entre si laços tão intimos e tão fortes que nunca lhes será permitido uma separação nitida, quer nos meios empregados quer nos fins a que se destinam e, por este motivo, um gabinete exclusivamente de bacteriologia será sempre uma instituição incompleta, pelo menos para a resolução d’um grande numero de problemas que frequentemente se apresentam, quer em hygiene, quer em clinica.

Em hygiene, por exemplo, tratando-se de analisar a potabilidade d’uma agua e fasendo-se simplesmente a analyse bacteriologica, nunca se poderá affirmar que essa agua seja boa para consumo pois que pode não estar inquinada de especies microbianas nocivas e conter grandes quantidades de nitratos, nitritos e até amoniaco livre, enfim substancias que devem determinar a imediata regeição d’ella. É pois necessario n’este caso fazer paralellamente á analyse bacteriologica a analise chimica para com segurança se poder deduzir se a agua é ou não boa para beber.

Digo o mesmo para qualquer alimento suspeito que seja entregue a analyse microbiologica, o qual pode ser bactereologicamente puro e impurissimo chimicamente.

Na analise medica ainda se complicam mais as questões, pois que para completar os dados bacteriologicos, alem de se lançar frequentemente mão da chimica, torna-se muitas vezes necessario recorrer á histologia. Assim, analysando-se bacteriologicamente um sangue, reconhece-se muitas vezes a necessidade de fazer analyse chimica (dosagem de hemoglubina e de ferro) e a analyse histologica (contagem de globulos rubros e brancos). (...)”