“Emile Gebhart, falando a respeito do fim do século XIX, diz:

«Semelhantemente ao que acontece quasi sempre ás pessoas muito velhas, o seculo XIX perdeu um pouco a cabeça. Agonisa com uma lesão no cerebro. Foi atacado com d’um cauchemar, da mania das grandezas e do delírio da perseguição». A falar verdade!

A loucura das grandezas do fim de seculo, manifesta-se pela sua tendencia de fazer coisas grandes e de caminhar vertiginosamente. O seculo XIX construiu a Torre Eiffel, e organisou exposições por tal fórma vastas que é impossivel exploral-as; deu banquetes de vinte e dois mil talheres; quer ser collossal. No entanto, nem só este seculo prevaria. As Pyramides do Egipto são uma prova do que affirmamos.

Mas a humanidade de hoje estuda-se, julga-se, condena-se. As analises bactereologicas que desvendam as causas das nossas enfermidades, não são mais do que a consequencia d’uma litteratura naturalista pela qual descobrimos tudo o que em nós ha de preverso, de mau, de podridão, todos os microbios espirituaes do nosso organismo moral. Tudo isto se podia synthetisar n’uma so phrase: «A Sociedade do seculo XIX pratica d’alguma forma, o narcisismo dos seus defeitos».

Porque ella não é como um mundo adolescente, amorosa de si propria; mas não se cansa de se mirar nas mais transparentes águas, para ver todas as suas chagas e todas as rugas da sua velhice prematura.”