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Tivemos lua cheia na terça-feira passada e termos o quarto minguante ma quinta feira que vem Isto indica que nesta semana ainda poderá oferecer noites de luar, mas sucessivamente menos claras, não só por ir diminuindo a superficie iluminada do nosso satélite mas também por nascer mais tarde depois da meia-noite.
Em distancia á lua vai agora afastando-se de nós rapidamente e tanto que já no sabado atingirá a maior distancia ou apogeu da sua orbita. Desta vez chegará a uns 105.000 quilómetros de afastamento equivalendo a a 63 e meio raios terrestres e percorridos pela luz em um segundo e trinta e cinco centésimos. O grande foguetão que na América se está calculado para ir até á Lua parece que deverá gastar 16 horas neste caminho – se lá chegar.
No sabado também será a conjunção de Marte com o sol passando além dele mais de vez e meia a distancia a que ele anda da Terra. Deste modo, entre Marte e nós haverá nesta ocasião mais de duas vezes e meia o semi-diametro da orbita terrestre espaço que a luz percorre em uns vinte segundos.
É evidente que estando assim perdidos para nós na irradiação solar, é impossível vermos este planata que só daqui a semanas poderá observar-se de madrugada, pouco antes do nascer do sol. Por enquanto não nos interessa.
Pelo contrário, Mercuryo que ainda há poucos dias estava igualmente ofuscado na luz solar, estará sexta-feira num dos pontos de máximo afastamento aparente do sol. – ou elongação, como dizem os astronomos – para oeste deste, quero dizer que que se poderá ver de madrugada como fraca estrelar de primeira grandeza, cerca de uma hora antes de nascer o Sol. Mas como não temos agora um outro astro mais visivel que lhe sirva de referência, dificil será com ele.
Vénus é que mesmo sem querer temos de admirar ao entardecer brilhando no crepusculo com rutilante fulgor O mesmo sucede a Jupiter, que até depois da meia noite atrai as (?) luzindo ao sul com intensidade dez vezes maior do que a de qualquer estrela de primeira grandeza.
E só nos falta mencionar o velho Saturno, de aspecto sempre pouco notavel como simples estrela de primeira grandeza, mais baça e sem scintilação. Já pouco se mostra desaparecendo no ocaso logo ao começo da noite.
Para a semana poderemos ver as mudanças de aspecto que apresentam as constelações no intervalo de um mês.
Frederico Oom
Referência bibliográfica
Frederico Oom - "semana astronómica XXXVI"
in Diário de Notícias
de 7 de Setembro de 1925, nº. 21421, p. 1 (c.7). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3386.
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