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Texto da entrada (ID.3446)

Será naturalmente hoje a primeira vez que se verá o crescente da Lua Nova que teve a sua origem ás 18 horas de sábado. Lá estará, depois do pôr do Sol, delgada lamina de foice, com as pontas para a esquerda, arremedando a forma de um D, como tantas vezes temos dito e vamos repetindo para que esta tão elementar noção se vulagarize mais do que por ora está, mórmente entre os habitantes desta cidade, que pouca atenção prestam aos aspectos celestes. O quarto crescente será no sabado.

Como sucedeu no mês passado, a Lua vai tendo sucessivas conjunções com os grandes planetas visiveis. Hoje, (segunda.feira, 19) estará em conjunção com Saturno ainda muito perto do horisonte , e ficando o planeta para Sul á distancia de uns três graus  (seis diametros). Na quarta feira, 21, será a vez da brilhante Vénus que também ficará para Sul da Lua, mas a uma distancia muito maior, isto é, mais de seis graus (doze vezes o diametro lunar). A mais interessante srá , na sexta-feira, a conjunção com Júpiter. Ao escurecer, vêr-se-á a Lua quasi exacatamente por cima deste astro fulgente e apenas á distancia de raio e meio (três vezes o diâmetro lunar). Irá depois fugindo para a esquerda e será interessantíssimo ir vendo esta deslizar bem aparente, e comparar os dois astros em côr, luminosidade, e outras circunstancias notaveis que possam ocorrer.

No domingo teremos a Lua no perigeu da sua orbita, na maior proximidade passando depois a afastar-se de nós. Desta vez essa proximidade cifra-se em (?)7.000 quilómetros ou 38 raios terrestres.

Nesta semana os dias perdem oito minutos de manhã e 9 á tarde. Já perderam ao todo umas 4 horas, e ainda lhes falta perder cerca de hora e meia. Pouco tarda já para estarmos em pleno inverno.

As constelações agora visiveis pelas nove horas da noite estão devidamente representadas nas figuras publicadas aqui na semana passada. Mais tarde, pela noite adiante vão aparecendo no oriente, outras que havemos de figurar em meses seguintes: primeiro, Orion com o seu rutilante quadrilátero, a espada pendente do seu boidrié de (?) formado pelas três estrelas oblíquas, a que alguns chamam os três Reis Magos, ou mais vulgarmente, as Três Marias. Depois aparecem Procion, cujo nome grego significa anunciar o aparecimento de do grande Sirius, que de facto surge um pouco mais tarde, scintilando sobre o horisonte a sueste. Vai-se abrilhantando o firmamento, a antecipar o seu aspecto mais rico dos meses de inverno.  

Frederico Oom


Referência bibliográfica

Frederico Oom - "Semana astronomica XLII" in Diário de Notícias de 19 de Outubro de 1925, nº. 21462, p. 1 (c.7). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3446.



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Astronomia

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