Recentes investigações scientificas do dr. Hartman
Antes de se dedicar aos grandes fundos, o celebre explorador dr. Hartman experimentou recentemente os seus aparelhos de pesquisa oceanica na Gruta Azul de Capri, que é, como se sabe, uma das maiores maravilhas do mundo. Esta estreia foi, como se esperava, cheia de promessas.
Antes de meter mão à obra, porém, o dr. Hartamn teve de sujeitar-se a uma serie de formalidades de ordem administrativa que contrariariam durante largo tempo os seus projectos. A expedição tinha sido precedida em Capri por toda a especie de boatos alarmantes tendo sido divulgado que o dr. Hartman se propunha demonstrar que o esplendor da ilha não tinha por origem um fenomeno natural mas era uma consequencia do trabalho artificial dos homens. Marinheiros e pescadores temeram pelos seus interesses (?) ameaçados pela prosperidade (?) cuja principal fonte de receita reside exactamente na afluencia incessante de (?) que ali vão dos quatro cantos do mundo para a admirarem: uma gruta sem rival. Atribuir o esplendor desta gruta á mão dos homens equivalia a apeá-la do seu lugar de maravilha do mundo.
O dr. Hartaman teve de garantir que não era esse o seu intuito e que pelo contrario, pretendia demonstrar pelas suas (?) que a natureza não precisara do auxilio de ninguém para dar largas a sua magnificiencia. Depois de muitos adiamentos, e de numerosas promessas, conseguiu, enfim, do Ministerio da Marinha de Itália e da repartição das Antiguidades as autorizações indispensaveis.
E hoje os habitantes de Capri, tão desconfiados há alguns meses, rendem graças ao dr. Hartman, cujos trabalhos acabam de dar á Gruta Azul uma consagração nova, demonstrando por meio de fotografias, que a gruta deve apenas ao poder criador da natureza, os seus efeitos magicos.
O dr. Hartman dá mesmo uma (?) replica ás controversias scientificas que se travaram sobre a origem do arco subterraneo através do qual se filtra a luz solar para produzir á saida da gruta este (?) prateado de tão grande fama.
Os visitantes entram na gruta por uma garganta estreita, onde, um caminho abre passagem a alguns pés acima da agua, uma (?) em forma de V. precedida de uma especie de plataforma.
Até agora, as pesquisas tinham levado á hipótese que o (?) dos (?) não interviera na simetria do grande arco subterraneo. As investigações do dr. Hartman estabeleceram que esta simetria nitidamente caracterizada não era, de facto, devida a intervenção humana. A recente expedição vai (?9 mais longe pois afirma que a tinta de opala que colora as vagas á saida da gruta era desconhecida no tempo em que os imperadores romanos Augusto e Tiberio faziam construir os seus palacios naquele admiravel local.
De facto, o nivel da ilha baixou mais de 16 pés e há uns vinte séculos o acesso de gruta fazia-se pelo arco agora submerso. O sol penetrava ali a jorros e os seus raios luminosissimos impediam a absorção de todas as outras cores além da (?). Conclusão do dr. Hartman: no tempo dos Romanos, a Gruta Azul de Capri não existia.
O notavel pesquisador não fica, porém por aqui, indo até explicar a origem da lenda que atribuiu ao homem a simetria do arco. Na grande caverna acaba de descobrir vestigios que são bem a obra de canteiros. De uma plataforma situada alguns pés abaixo do nivel da agua, [a partir daqui lê-se mal]
[Com foto do aparelho de mergulhar]
(propriedade do Diario de Noticias e da North (?) Newspapers Alliance)
[n.d.] - "A gruta azul de Capri. "
in Diário de Notícias
de 20 de Novembro de 1925, nº. 21494, p. 1 (c.6). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3491.