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Texto da entrada (ID.3496)

A luta contra a sifilis

No mês passado reuniram-se em Paris os delegados de 33 paises que aderiram á ”Union internationale contre le péril vénérien” Portugal não estava representado. Da reunião saiu a indicação de varios meios a por em pratica contra a expansão daqueles males contagiosos, quer do efeito para o interior de cada país, quer para evitar a transmissão de uns para os outros.

O Conselho Superior da União Internacional considerou que a esterlização terapeutica dos doentes é um dos meios principais para conseguir a supressão da sifilis. E a diminuição das outras doenças venereas. Entende que se suprimam as regulamentações de prostituição, tornando-se, porém, medidas que interessem toda a população sem desrespeitar a bem entendida liberdade individual. Afirma que se deve fazer larga propaganda para que os doentes se tratem devidamente e ministrar gratuitamente esse tratamento. Quere que os governos diligenciem modificar as causas sociais que provocam ou mantém a prostituição e suprimir por medidas de ordem variavel em relação com os habitos de cada nação, as excitações sensuais por livros, gravuras, etc, os anuncios em jornais, revistas, etc, indicando mesmo veladamente comercios de ordem sensual, os anuncios de medicamentos especiais destinados ao tratamento de doenças dessa ordem e a exibição de mulheres venias na via publica.

Para defender um pais das infecções que lhe venham de fora, o Conselho propõe medidas referentes a vigilancia dos emigrantes á partida, vigilancia nas fronteiras e vigilancia nos portos.

Propõe o Conselho, além das citadas medidas de propaganda, que se proceda para com os males venereos como em relação ás outras doenças contagiosas, não se autorizando o embarque senão quando haja a bordo um serviço medico capaz de assegurar a continuidade de tratamento. Estas medidas de defesa sanitaria, devem tornar-se não somente nos paises de onde partem os emigrantes mas também nos paises em transito.

Quanto á vigilancia das fronteiras, o Conselho decidiu:

1ª Que o secretariado geral solicite dos paises seguintes: Espanha, Portugal, Bélgica, Suiça e os paises da América do Sul, que adiram á União Internacional, um inquérito particularmente sobre os pontos seguintes:

a)      Estabelecer o movimento regular médio das populações, sobretudo operarias, residindo na proximidade das fronteiras e trabalhando a jornal ou durante certo periodo de tempo no pais vizinho;

b)      Estabelecer de modo tão preciso quanto é possivel a proporção entre essas populações de individuos atacados de doenças venereas;

c)      C) Indicar as aglomerações mais importantes donde partem os individuos que para ai voltam findo o seu trabalho;

d)      Indicar quais as condições administrativas a que é submetida a autorização de transpor a fronteira;

2ª Que sem esperar as conclusões do inquerito proposto, as Sociedades Nacionais que aderiram à União Internacional iniciem sem tardar uma propaganda profilática e moral junto das populações que se deslocam ao longo das fronteiras;

3ª Que, com fim de saneamento, relativamente ás populações das fronteiras os organismos oficiais e as Sociedades Nacionais dos paises supra designados proponham as medidas de ordem sanitaria que seja conveniente juntar ás medidas administrativas já exigidas á passagem das fronteiras;

Pelo que está escrito, calcule o leitor que medidas equivalentes são aconselhadas pela União Internacional para a vigilancia dos portos. Tudo se resume, afinal, em fazer:

1ª propaganda, de modo que toda a população conheça os perigos dos males venereos;

2ª facilidade e gratuitidade de tratamento:

3ª Inclusão das doenças venereas no quadro geral das doenças contagiosas quanto a praticas de higiene social;

4ª Supressão de anuncios e quaisquer explicitações sensuais publicas directas ou indirectas.

Tudo está muito bem, mesmo a referencia para o inquerito a alguns paises entre eles o nosso. E está optimamente que o Conselho reunisse em Paris para que os seus vogais se pudessem bem certificar de quanto importa suprimir os anuncios de jornais e revistas. Os livros e as gravuras, as propostas de peripateticas amaveis, todas as excitações “à la débanche”, como os franceses dizem, efectuadas em público.

F. Mira

[segue-se resposta a uma questão levantada por um leitor]


Referência bibliográfica

F. Mira - "Crónicas médicas" in Diário de Notícias de 23 de Novembro de 1925, nº. 21497, p. 4 (c.1, 2, 3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3496.



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