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Novamente vem insistir a tão famigerada Sociedade das Nações em reformas do calendario, dirigindo-se para isso agora uma consulta aos diversos estados. Desta vez limita-se a perguntar aos diversos institutos e corporações scientificas o que pensamos sobre a “fixação” da Pascoa.
Como tudo quanto respeita ao calendario e em geral á contagem do tempo, este assunto é fundamentalmente de caracter astronómico. Consagraremos, pois, hoje, alguns instantes a esta questão falando na Páscoa quando vamos entrar no Natal....
Todos sabem que a Pascoa ainda hoje se regula em atenção de resoluções dos concilios de Nicea em 325, e de Calcedonia em 451, iniciando as regras a que obedece a Pascoa judaica. E no domingo imediato á primeira Lua Cheia depois de 21 de Março.
Ora deste modo, não só a Pascoa cristã como todas as correlativas “festas moveis” têm o defeito de cair em datas extremamente variaveis. Ja no seculo VI este defeito era motivo de queixas e censuras até de clerigos e bispos; e com o andar dos tempos essas queixas têm-se tornado mais gerais da parte de muitas entidades, sobretudo comerciais ou industriais, empresas de viação, estações de turismo, etc. alegando que lhes é muito prejudicial a grande instabilidade destas festas, repercutindo-se na vida escolar, bancaria, hoteleira, etc.
Entendeu a S. D. N apadrinhar estas reclamações e promover qualquer coisa que as satisfaça mais ou menos completamente; parece estar agora disposta a recomendar uma “fixação” da data da Pascoa, de modo a não variar, ou variar o menos possivel.
Por outro lado a sequencia ininterrupta das semans é uma condição que, por inumeras razões, tem de prevalecer.
Portanto, o melhor será simplesmente celebrar oa pascoa sempre no domingo mais proximo da data historica que se comemora nesse dia. Esta data, porém, é ainda hoje scientificamente duvidosa, mas segundo os mais sabios investigadores, a morte de Cristo deve ter sido a (?) ou a 7 de Abril. Tomando mais dois dias para compensar a incerteza, é claro que a Pascoa deverá celebrar-se no domingo que cair de 4 a 10 de Abril.
Em nosso fraco entender, aliás inspirado e corroborado na opinião de numeroso e abalizados especialistas em Cronologia, esta solução é, sem duvida, a mais simples e eficaz, eliminado todos os inconvenientes alegados, sem introduzir nenhumas perturbações inconvenientes aos usos tradicionais.
Frederico Oom
Referência bibliográfica
Frederico Oom - "Semana astronomica XLVIII"
in Diário de Notícias
de 30 de Novembro de 1925, nº. 21504, p. 1 (c.1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3503.
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