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Texto da entrada (ID.3522)

Consulta médica prématrimonial

Sou dos que se mantêm na velha tradição de aconselhar para base dos casamentos a atracção mutua.

Ainda hoje, apesar de terem mais livre forma as relações entre jovens dos dois sexos, é a mulher que procura seduzir, mas é o homem quem propõe o consorcio. Resolve-se a esse facto tendo em vista, além da impressão de encanto que sentiu, a posição social dos pais da menina, as vantagens pecuniarias que lhe poderão vir de futuro, uma serie de circunstancias de que podem resultar-lhe facilidades na vida, a não ser que seja tão forte aquela impressão de encanto que só por ela se resolva, abstraindo-se de tudo o mais. Se terá pais, familia, amigos mais idosos, elas não deixarão de o aconselhar no sentido de efectuar ou não o seu intento. Procedendo a devassar sobre os bens que pode vir a herdar dos projectados sogros e calculando o grau de protecção que eles possam dispensar-lhe. Raramente, e só em casos de grande evidencia, considerarão casos de saude.

Pois um casamento, em que qualquer dos conjunges tem tão precaria saude que é obrigado a passar a vida em mão de medicos, nunca é feliz. Torna-se impossivel a intima comuniddde de vida que (?) tem o enlevo dos que se casam sob a base do mutuo afecto aos cuidados constantes e impertinencias que a todos apoquentam, juntam-se os dos tratamentos medicos  e ha sempre probabilidade de redobrar esses incomodos com a vinda ao mundo de filhos debeis ou tarados, tambem certos e constantes (?) de medicos e cirurgiões.

Também quando os pais de uma menina reconhecem que um rapaz está disposto a desposá-la, raramente, a não ser em casos de grande evidencia, se importam com o estado de saude do noivo. Inquire-se do seu modo de vida, da sua situação social, das heranças, que pode vir a ter de ligações (?) que porventura (?), menos das suas doenças constitucionais ou adquiridas. Salvo poucas excepções é assim que se pratica.

Por motivos de profilaxia contra doenças que constituem um dos maiores flagelos da humanidade, ha tempo já que se aconselha a consulta medica prematrimonial. É regular, na verdade, que o pai de uma menina a quem (?) desposar, como pergunta só pretendentes com que (?)

[lê-se muito mal]

(...)

Obrigações desta ordem não se realizam com leis, decretos. De resto, estes só são cumpridos quando estão de harmonia com os costumes e modos de pensar de povos a que se destinam. Se tal pratica se estabelecer sera lentamente pelo reconhecimento progressivo da sua unidade. Assim sucede em Viena de Austria que tem uma consulta medica para este efeito desde 1922. No segundo semestre desse ano foi utilizada por 83 pessoas, no primeiro semestre de 1924 chegou a 480 o numero de individuos que a ela recorreram.

Milão vai ter uma consulta do mesmo genero organizada pela Cruz Vermelha Italiana. Esta instituição (?) o dr. Alfieri, director da clinica obstetrica e ginecologica da Universidade de Pavia, de elaborar um manifesto-programa no qual se afirma a necessidade de se informarem os noivos mutuamente dos respectivos estados de saude, como o fazem quanto a condições economicas e qualidades morais. Afirma ao mesmo tempo a necessidade de envolver essas investigações no segredo profissional.

A bem dizer não sera necessaria uma consulta medica especial se admitirmos que nunca um medico passaria certificados a favor. No entanto, como se vê na organização que para Milão se projecta, a consulta em que trabalham clinicos especializados e homens peritos em exames laboratoriais, oferece melhores garantias.

Ponho o exemplo dos milaneses perante os pais de familia da nossa terra para que o considerem e resolvam como entenderem.    

(...)

F. Mira

[Seguem-se respostas a leitores]


Referência bibliográfica

F. Mira - "Cronicas medicas" in Diário de Notícias de 15 de Dezembro de 1925, nº. 21518, p. 3 (c.3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3522.



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