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Texto da entrada (ID.3633)

Expedição portuguesa a Cabora Bassa, relatada por Gago Coutinho.

O redator apresenta pormenores da paisagem e do percurso do rio Zambeze, aludindo à importância da prioridade da exploração e ao comportamento dos ingleses neste tipo de expedições:

“(...) a esta parte do Zambeze puzeram o nome de Kahoura-Bássa, que quer dizer na linguagem indígena apodreceu o trabalho; e não podiam vêr com sympathia que dois brancos, mal intencionados, quisessem romper com a tradição, ousando continuar por dentro do Rio, não já de almadia, mas a pé, que peior, porque eram quatro ou cinco toneladas da bagagem, de que esses homens exquisitos se cercam, que tinham que ser carregadas á cabeça por cima das pedras polidas pelas cheias.

Não valia, pois, desanimarmos tão cedo, só por essas informações suspeitas; era necessário prosseguirmos, tentar ser os primeiros a desvendar a geografia d’esse recanto desconhecido da Africa, emquanto cá não aparecia agum inglez, a fazer reportagem para os magazines, ou a sujar as pedras com a bandalheira dos cartazes do Pears’ soap, ou do Nectar Tea, para quem já vão sendo poucos todos os muros da vasta Africa do Sul.” (76)

As dificuldades da expedição são muitas, mas não retiram aos exploradores o tempo e a disponibilidade para o registo:

“(...) Mas ainda não há quedas, e, em rigor, poderia uma almadia navegar pelo canal, lá em baixo, 10 a 15 metros abaixo do banco de areia por onde vamos penosamente caminhando, sem largar o caderno nem a bussola, que, apezar de leves bastante nos pezam, e tanto mais que é já extraordinariamente selvagem a região, principalmente povoada de rochas negras convulsionadas e corroídas pelas aguas e pelas pedras, com que ellas se armam nos redemoinhos, talvez para mais depressa acabarem de entulhar o mar.” (77)

Faz referência à passagem de Livingstone por aquelas paragens, tendo deixado uma inscrição numa árvore, chamada de Livingstone.

Os portugueses decidiram inscrever também a sua passagem numa árvore:

“Na maior árvore que perto d’este acampamento encontrámos, por signal que bem pequena, gravámos por nossa vez esta inscripção, que decerto não tornaremos a ler:

8-11-05

G. C.

V. R.” (77)

Terão igualmente deixado uma inscrição na árvore de Livingstone.

As dificuldades da expedição são enormes, mas o registo da localização é fundamental:

“Já o dia ia escurecendo, quando, tendo chegado as cargas e a caravana, acabamos de almoçar, porque o sol depressa se esconde cá no fundo d’este funil em que o recanto do rio nos fecha; e como outra coisa se não via cá de baixo, a não ser um limitado sector do ceu no zenith, temos que tratar de montar o teodolito, para perguntarmos onde estamos ás estrelas, essas informadoras de mais confiança do que os guias, e mesmo do que a bussola e podómetro, que ambos depressa se desorientam por estes trilhos irregulares e esta paisagem sem horizonte.” (80)

 

O texto é acompanhado por fotografias, num total de 16 fotografias:

Rio Zambexe

Rio Zambeze

 

Rio Zambeze

Rio Zambeze

Rio Zambeze

Rio Zambeze

Rio Zambeze

Rio Zambeze

Rio Zambeze

 

Rio Zambeze

Rio Zambeze

 

Rio Zambeze

 

Rio Zambeze

 

Rio Zambeze

 

Rio Zambeze

Rio Zambeze


Referência bibliográfica

Gago Coutinho - "O Zambeze misterioso, I - como entrámos na Kahoura-Bássa" in Illustração Portugueza de 20 de Agosto de 1906, nº. 26-2s, p. 73-81 (páginas completas). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3633.



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