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Texto da entrada (ID.3635)

 

 

Expedição ao Zambeze

 

Expedição ao Zambeze

 

Expedição ao Zambeze

 

Expedição ao Zambeze

 

Expedição ao Zambeze

 

Cataratas Victoria no Zambeze

 

Expedição ao Zambeze

 

Expedição ao Zambeze

 

Expedição ao Zambeze

 

Expedição ao Zambeze

 

Expedição ao Zambeze

 

Expedição ao Zambeze

 

Carta do Zambeze

 

Expedição ao Zambeze

 

Excertos do texto:

“Descemos e acampámos logo ao pé da cataracta, para a medir e fotografar, fixar-lhe a posição e mesmo descançar, do que, brancos e pretos, tanto estamos precisados.

A abertura da cataracta é de 40 metros; a agua cahe n’um plano inclinado com cêrca de 30 metros de extensão, e com um desnivelamento de 12 metros; pelas marcas nas pedras vê-se que as maiores cheias sobem ainda 24 metros acima do ponto mais alto da cataracta; mas este espectaculo não foi até agora gosado a não ser por algum raro preto indiferente.

Acabavamos justamente as observações para o calculo da variação da agulha (que por signal é de 13,5 graus NW n’este logar) quando notei que os capitães e carregadores de mais importância, fumos, como eles se chamam, estavam formados e me queriam fallar.

Já desconfiava do que os trazia; mas era preciso ouvil-os.

Observaram-me que o mantimento estava a acabar e que a shaida pelo Rio ainda era longa e difícil, talvez impossível; e concluíam propondo-me o abandonarmos as pedras da margem e cortar pelos carreiros da serra para Chekôa.

Saltei indignado, mas reprimi-me logo um pouco, e comecei-lhes um pequeno discurso:

Quanto a mantimentos não hão de faltar, que já pedi para Chekôa para os mandarem ao nosso encontro. Quanto ao caminho... apontei com ar dramatico para a curva d’onde o Rio surdia, não se sabia como, por entre serras altissimas que, amesquinhando-nos, cortavam todo o efeito teatral a esta scena, e berrei:

- Havemos de sahir por ali!

E conclui rapidamente o pequeno discurso com um gesto largo:

- Saltem-me d’aqui para fóra!

Emquanto se afastavam desconcertados, cabisbaixos, reflectindo talvez na evolução de futuras épocas mais felizes, em que serão os pretos quem mande e os brancos quem carregue pelos desfiladeiros cá da nossa terra, eu sentei-me na cadeira de lona e não pude deixar de reparar na estranha coincidência: Estes carregadores decerto não tinha lido Livingstone, e, comtudo, fôra aqui mesmo, lá defronte, do outro lado da cataracta, que os makolôlos, que tanto respeitavam o velho viajante o chegaram a querer abandonar, pretextando que elle estava doida, porque só um doido persistiria em viajar por região tão impropria, e conseguiram que elle deixasse o rio.

Para completar a coincidência só lhes faltava aos meus dizerem-me tambem que eu estava doido, mas esta omissão fôra decerto por não ser novidade, por d’isso eles estarem convencidos há muito tempo...

Ou não fôra talvez esta coincidência um puro acaso. Era a repetição das mesmas causas dando a repetição dos mesmos efeitos; era o sentir geral do preto em 1905, como em 1858, a sua mesma reflectida reºugnancia em mostrarem ao Branco as novidades da sua terra, receiando, e com razão, que nós lá descubramos mais alguma coisa de que venham a resultar maiores trabalhos para elles.

Mas a situação não era tranquilla, e por isso n’essa noite não dormi bem e acordei sobresaltado ao som de umas pancadas cávas que dominavam o ribombar da catracta, e que felizmente logo decifrei: era esse ruido tão conhecido do viajante africano :estavam cravando melhor as estacas da barraca do meu companheiro Vieira da Rocha, por causa do vento que se levantára de noite ao longo do corredor. Talvez ainda influencia maléfica de algum feiticeiro empenhado em nos não deixar passar, no que não foi feliz porque apezar de ter cahido o toldo que cobria os negativos da cataracta, que n’esta noite reveláramos, nem um só se perdeu e todos cá vieram até á Europa!

A 14 de novembro teve que ficar aqui o acampamento, emquanto subiam pela margem direita, á procura de um ponto favorável para continuação da triangulação, e mesmo para fixarmos o que se visse do curso do rio.

Começá,os por tentar trabalhar de um monte arredondado de granito, que estava apenas á insignificância de 600 metros acima da cataracta; mas este pico elevado era contudo um anão entre os que o cercavam, e nada se podia fazer d’elle, a não ser uma estranha photographia de leito do Zambeze que, visto d’esta grande altura, se nos afigurava, mais do que nunca até aqui, um miserável ribeiro sem importância, em logar do grande Rio, que durante algum tempo disputou ao Zaire a vaidade de ser o maior rio de Africa.

E forçoso nos foi abalar para um outro monte mais longe, uns dois kilometros ao sul, apezar dos costumados protestos do guia: que não havia caminho para lá, que ficava muito longe, que não se veria nada, que era muito baixo...

Só depois de mais uma hora de marcha, relativamente fácil, sobre um plató com alguma agua e plantações, conseguimos encarrapitar-nos no almejado mirante.

E não foi sem surpreza, pois á chegada, estafados como sempre da subida, 850 metros sobre a cataracta, fomos cahir de improviso em pleno picnic familiar de todos os habitantes de uma pequena povoação, que ali havia perto, escondida nos píncaros da serra, onde eram innacessiveis á pequena contribuição anual que lhes exige o governo, o mussoco.

(...)

De uma ponta do granito, que aqui aflorava no meio de poucas arvores e pequenas, já se podia fazer uma idéa completa da região, tão extenso era o panorama que se abraçava, e que logo sofregamente gozámos.

Vejamos primeiramente o Zambeze! Mas é tão convulsionada a paizagem que dir-se-hia estarmos sobre um mar de grossos vagalhões com cristas de pedra, não podendo nem ao de leve desconfiar-se de que tão perto, em um fundissimo e sinuoso canal cavado entre estas serras, passe um rio, e tão grande, que nasce a alguns milhares de kiçometros d’aqui, para lá do Barotze!

Mas para oeste esse mar de pedra vae felizmente abatendo; os montes vão abaixando, vão rareando, e a umas quatro leguas lá apparece outra vez o bom Zambeze, lá vem o seu leito largo e esbranquiçado de areia, lá se estende a planicie, lá está Chekôa, lá está o Paraizo! E comprehendemos n’este momento que a nossa tentativa está assegurada e sentimos um allivio, como se nos tivessem tirado de cima as quinze toneladas e meia da pressão atmospherica, com que, segundo o Ganot, cada um de nós carrega ao nivel do mar!

Emquanto não acabam de cortar as arvores e não chegam os instrumentos, aproveitemos o dia que está limpido, e admiremos agora, em boa disposição, o resto do magestoso e extenso scenario, que ainda não foi decerto contemplado por outros olhos europeus. Para o nordeste avulta ainda o pico Tcheúta, Mandji, e os outros numerosos picos, a perder de vista; para Leste a floresta de serras altas corta-nos o horisonte, logo no primeiro plano; ao Sul estende-se a planicie que vae bater na cordilheira Mavoradonta, onde se levanta de repente o elvado plató de Salisbury. E mais além, longe mas nitida, a nossa conhecida serra Matêmue a 135 kilometros, e por traz, a espreitar, o pico N’Goza.

Cá deixámos, é claro, uma marca geodesica, que é de ferro e protegidas por pedras. E a ajuizar pelo infundado susto que o nosso theodolito, qual desconhecida arma de fogo, inspirava ao pobre pae, que teve o arrojo de acceder aos nossos repetidos convites a cá vir buscar o pequeno abandonado, é natural que esta marca venha a ter, com o andar do tempo, uma significação lendaria, mysteriosa: nos outros futuros picnics, á sombra da única arvore que não cortámos, é natural que á sobremeza se conte, contemplando aquelle ferro e aquellas pedras documentos,  alenda dos estrangeiros, que em uma bella manha surgiram de improviso do fundo do Rio,  com um livro de capa preta debaixo do braço, e um feitiço exquisito de bronze, com tres pés e um oculo, por onde os brancos viram coisas tão interessantes, que todo o longo dia se não fartaram de registar no seu livro negro todas as novidades que o instrumento lhes dizia, E, protegido pela indifferenla dos africanos, esse tôsco monte de pedras vae durar mais do que as testemunhas da scena original que tambem poderiam attestar que, na manhã seguinte, os estrangeiros desconhecidos, depois de mais notas no livro, lá voltaram com o seu precioso feitiço par ao fundo do Rio, de onde tinham surdido como phantasmas, com um livro de capa negra, debaixo do braço. (1)

(1)  A marca d’este monte, que nos disseram chamar-se Inhamekarámo, tem a seguinte posição geodésica: latitude 15o. 35’. 22” S; longitude 32o. 44’. 23” E. Gr.; altitude 1:046 metros acima do nivel do mar. A variação da agulha era só 9o. 8’ NW.

Ainda n’esta manhã de 15 continuámos a eterna marcha trabalhosa e peregrinação difficil ao longo do Rio, indo acampar perto do meio dia na confluencia do Rio M’Kangádzi, que reune as aguas do Sueste em um valle quase tão cavado como o proprio Zambeze. É um local extraordinariamente interessante, porque o Rio, que vem do Noroeste corta bruscamente para o Nordeste, formando no cotovello uma bacia de 150m de diametro antes de sahir pela porta chamada Txaramba-Kuépe, com apenas 25m de largura e decerto bem funda para o rio poder passar por ella como passa, sem formar cataracta, nem mesmo rapido. Esta porta, entre dois altos rochedos ennegrecidos, como todos, pelo puir das areias arrastadas pela cheia, não foi decerto vista por Livingstone, que d’ella não fala, sendo talvez o ponto mais interessante da Kahoura-Bássa, e uma das muitas gargantas onde facilmente se póde atirar á mão uma pedar de uma para a outra margem do rio Zambeze, esse rio taão grande que, muito acima d’aqui, a mais de mil kiçometros, e quando ainda se não tem alimentado com as aguas do Kafukue nem com as do grande Aruângua, forma a grandiosa queda Victoria, mais notavel do que o proprio Niagára, com os seus 120 metros de altura e a sua milha de largura!

Com as cheias toda a Porta dica coberta, formando-se provavelmente aqui um rapido; pelas marcas nas pedras mais altas medimos para desnivelamento maximo só 21 metros.

A 16 de novembro temos ainda as ultimas quatro horas de uma marcha penosa, como as anteriores, continuando o Rio a correr pelo mesmo extraordinario corredor, com rapidos e pequenas cataractas. Na base do monte Morúngua (sobre a 800 metros sobre o nivel do rio) e ao nordeste de um pico de cabela escalvadak como uma cebola, a que chamam ainda hoje Dzakávúma (670 metros sobre o rio) encontramos finalmente uma outra cataracta grande, a Mnhûma, de dimensões semlhantes á queda Kassôngo, e que decerto Livingstone confundiu com esta quando, voltando aqui vindo do Norte, lhe disseram que era a mesma. As duas distam entre si 8 kilometros. Como se vê nas photographias, ellas são semelhantes, excepção feita da pedra grande, que a Munhúma tem ao Norte, e que talvez ainda lá não tivesse cahido há meio seculo.

Logo para cima o Rio aperta-se a ponto de nos ser absolutamente impossivel passar pela margem Sul, por onde sempre viajámos, e temos que subir a 400 metros para depois virmos outra vez cahir no Zambeze, um pouco acima da confluencia com o conhecido rio Kadjózi, que vem do norte. N’este dia levámos um guia, que parecia acostumado a passeaiar por esta taõ mal calçada Avenida; e era de vêr omo elle agilmente salta d epedra em pedra, e pára a contemplar-nos, aborrecido da maneira como nós, brancos e pretos, complicamos a locomoção, andnado a quatro patas, porque, servindo-nos dos pés e das mãos não podemos dispôr de mais!

N’este acampamento acima do Padjózi, já o rio se tornou outra vez como era em frente do Lúvia: largura de 200 ou 300 metros, praia de areia onde afloram rochedos negros (raras vezes de basalto, que se reconhece por ser mais arrendado), e o mesmo regueiro estreito onde o rio agora, quase no fim da epoca secca, corre turbulentamente.

De modo que por aqui fóra já marchamos contentes, satisfeitos, livres dos penedos, outra vez sobre as pernas; o nosso grito de soda é menos amiudado e mais expansivo, e para cumulo chegam-nos os mantimentos que pediramos para Chekôa e que os seus carregadores vinham demorando, talvez por muito reflectirem antes de se emprenharem n’essa temivel Kahoura-Bássa, á procura de uns brancos problematicos que a tradição secular negava qye por lá conseguissem sahir.

Acampámos pouco depois do meio dia em frente da confluencia do rio Inhakapiriri, cuja posição n’esta mesma tarde fixámos por uma estação rapida. E tão satisfeitos estamos de nos termos visto livres do horroroso desfiladeiro, que até a chuva que cahiu n’esta noite nos não fez mossa, apesar de um de nós ter dormido sem barraca!

Chega finalmente a manhã de 18 de novembro, ultima da viagem. Ainda algum tempo soffremos pedras negras, para despedida, mas isso dura pouco, e ás 8 horas o rio alarga de repente a quase um kilometro, em uma bacia de agua onde afloram alguns pequenos rochedos, ali postos como que por amostra e prevenção salutar aos que vierem descendo o Rio e tiverem veleidades de continuar para baixo do rapido de Inhakatâco, que pasamos ás 8 horas e meia da manhã, e onde o Zambeze começa outra vez a ser navegavel at´emuito para além do Zumbo.

E agora sim! Reconhecemol-o outra vez: É bem elle, o mesmo Zambeze de Sena, com as suas encantadoras margens baixas, as suas ilhas, os seus bancos monotonos, de areia...

Mas, se por o termos esquecido, ou o não acreditarmos, fosse necessario recordar minuciosamente os penedos e os trabalhos da ultima semana, não valeria a pena rebuscar nas nossas reminiscencias; bastar-nos-hia voltar os olhos para traz e encarar de novo a gigantesca floresta de picos que ainda lá se avista, avultando como mais altos Morungua e Inhamekarâmo, as duas collossaes hombreiras da porta, Txeramba-Puépue, que bem merece o nome de Porta do Paraizo, porque por ella sahimos do Inferno, onde tinhamos entrado lá em baixo, ao pé de M’Panda-Unkua!

E d’essa comparação resaltaria um contraste bem frisante, porque agora avançamos rapidos e com facilidade a contornar a grande volta de Chekôa, pelo leito plano do Zambeze, mal reparando que vamos pisando uma mina de carvão; a propria natureza africana parece querer-se-nos tornar hospitaleira para solemnisar a nossa chegada, porque mandou n’este dia correr o seu toldo de nuvens para o sol nos não crestar; e até debalde bem receber-nos ao caminho, correndo ao nosso lado, as raparigas já de Chekôa, moendo o seu côro monotono:

- Háhée! Háhée!

Nós a nada d’isso damos importancia, enlevados na satisfação egoista de termos concluido este deseperado passo inédito. E no fundo congratulamo-nos por haver outro caminho mais facil de volta á nossa Terra, contornando pela base Sul das serras, sem passarmos por dentro de tmerosa Kahoura-Bássa.

O dia seguinte passamol-o em Chekôa, a fixar-lhe a posição, e trocar carregadores, e a 20 largámos, encetando a viagem que pelo caminho batido pelas caravanas é só de 160 kilometros. Quatro dias depois, cahiamos em Tete, ao tiro de pela do meio dia, indo abusar da classica hospitalidade portugueza do governador Vellez que, mesmo quando nos não esperava, sempre tinha almoço para todos, tendo-se assim desfeito em tão pouco tempo e com tanta facilidade a distancia que para Oeste nos levára de 4 a 18 de novembro!

Assim ficou concluido o primeiro estudo regular da geographia d’esta parte desconhecida do curso do rio Zambeze, que separa as duas secções navegaveis, a do Zumbo e a de Tete. O mappa africano ganhou, com tanto trabalho, mais alguns centimetros quadrados que até agora tinham escapado aos seus collaboradores; o Museu encheu mais um canto das suas vitrines com algumas pedras puídas pelo labutar das aguas do grande Rio durante seculos; e até os bilhetes postaes illustrados lucraram algumas photographias inéditas. A nós resta-nos a recordação inolvidável d’esses tantos dias penosos, em que as amizades se sellam com a com a communidade em provações, as quaes melhor nos permittem apreciar agora os fracos confortos da civilisação europeia, onde há semanas com domingos em que se não viaja, restaurantes que nos dão almoço antes do meio dia, theatros com córos menos monótonos do que o Háhée das tauáras, e finalmente bars américains, onde se usam carapinhas, mas pintadas de louro, e se bebe solda-water, sem ter que a fazer nas garrafas de Sparklets!

E aos que em Lisboa, não querendo apartar-se d’estas convencionaes commodidades, desejarem comtudo adquirir uma noção concreta sobre o que é essa mysteriosa quartellada do grande Zambeze, poderemos indicar-lhes que a Kahoura-Bássa, não tendo mais largura do que a nossa praça do Rocio, está comtudo entallada entre montes seus e oito veses mais altos do que o elevado morro do Castello de S. Jorge, que, com os seus mesquinhos cem metros de altura, já tanto nos assoberba quando o avistamos cá de baixo, encostados á porta da Monaco ou commodamente repimpados n’um electrico. A agua occuparia na estação sêcca a parte central, já empedrada sugestivamente a fingir ondas, mas, nas grandes cheias, toda a elevada casaria seria coberta, e a corrente revolta iria bater nas ruinas do Carmo e enferrujar a fabrica do reologio.

Resta-me pedir aos mues leitores desculpa da má litteratura que acabam de ler. Para lhes poupar o trabalho de irem á Kahoura-Bássa se a quizessem conhecer, deligenciei descrever-lhes a nossa viagem como sabia, sem estylo nem grammatica, mas com verdade, e isso ao menos me consola.

Lisboa, agosto de 1906.

Gago Coutinho”


Referência bibliográfica

Gago Coutinho - "O Zambeze misterioso, II - Como saímos da Kahoura-Bássa" in Illustração Portugueza de 27 de Agosto de 1906, nº. 27-2s, p. 105-113 (páginas completas). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3635.



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