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Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.3758)

Artigo de Tude Martins de Sousa sobre as Caldas e a Serra do Gerês e com 13 fotografias, umas da Fotografia Nacional do Gerês e outras do Dr. Fernando Santos.

“Notabilissima como é, sob variadissimos aspectos, é certo tambem que, comquanto conhecida de longas eras, não tem sido bastante percorrida, nem trazida para a luz da publicidade que merece a serra do Gerez.

Em remotas eras, ou mesmo em mais proximas épocas, poderiam estacar ou retrahir-se o interesse scientifico ou a simples curiosisade sportiva e de excursão, pela fama pouco convidativa, e pouco crivel aliás, da existencia de embaraçõs para fugentar os mais decididos, desde a presença do urso, de que se diz ter sido aqui morto o ultimo em 1650, até á das neves eternas, por que ainda ninguem deu.

“Já Link, o celebre naturalista que de 1797 a 1799 excursionou em Portugal em explorações e estudos scientificos, dizia que estes sitios seriam visitados com gosto por todos quantos apreciassem as delicias de um bom clima e de uma formosa região; na passagem do Lima, visinho da serra do Gerez, as legiões romanas recusaram-se a prosseguir caminho, dando ao lrio o nome de Lethes (esquecimento) e aos rios Homem e Cavado, no Gerez nascidos, o mesmo Link diz se poderia adaptar o dito, pelo encanto que elles offerecem, fazendo esquecer as mattas da Aleemanha e da Inglaterra.”

Continua destacando a qualidade das madeiras da Serra do Gerês, utilizadas na construção naval em tempos, mas pouco aproveitadas. Destaca a resposabilidade do Governo, a partir de 1888, na reorganização da floresta e da mata. Destaca a reflorestação, os novos caminhos, as casas da gaurda, e o posto meteorologico, que trasnmite diariamente o seu boletim por telégrafo ao Observatório D. Luiz: “... permitte utilizar os seus elementos de estudo par ao conhecimento da região e para o aproveitamento dos dados scientificos que fornece.”

“A flora indigena da serra, tanto lenhosa como herbacea, é variada e rica e hoje já em boa parte etudada, pelasl diligencias e trabalhos de Pereira Araujo (1782), Link e Hoffmasegg (1797-99), Brotero, Rebello de Carvalho e mais recentemente os srs. Dr. Julio Henriques e Adolpho Moller e outros, nacionaes e estrangeiros.

Pelos seus estudos podem bem fixar-se as especies vegetaes dominantes, entre as quaes sobrelevam o carvlaho branco (Quercus Pedunculata), o carvalho negral ou pardo da Beira (Q. Tozza) (...).

A flora herbacea desestranha-se em delicadas e anundantes hervagens, onde annualmente pascem numerosos gados, que por lá se sustentam, não descendo aos povoados senão d einverno; (...)

Não faltam tambem numerososas plantas a que se attribuem authenticas virtudes curativas, como o hypericão, a betonica, o fel da terra, o arando e outras.

(...)

A faunda gereziana, rica e variada tambem, como poucas, tem ainda hoje o seu representante nobre no côrço selvagem, relativamente abundante, e n’ella era que até ainda há poucos annos existia, única parte em Portugal, a Cabra montez, egual á dos Pyrineus e dos Alpes, da qual ficou um interessante estudo do fallecido naturalista Barbosa du Bocage.

O ultimo exemplar visto foi apanhado vivo pelo pessoal florestal, em Albergaria, Rio Homem, em 20 de setembro de 1890, sendo remettido á Ddirecção Geral da Agricultura em 23 do mesmo mez e anno.

(...)

O Gerez é seguramente uma das regiões de mais pittoresco de Portugal, retalho do Minho, onde o imprevisto se succede a cada momento, dando-nos, ora o bucolismo pacato de verdes e dolatadas chãs e planaltos, onde os gados pastam, e a frescura de frondosos e velhos arvoredos e tenues regatos, ora a vista selvagem de altos despenhadeiros e elevadas grimpas de onde formosissimas cascatas se precipitam numa ancia de suicidio louco e onde não se sabe que mai sadmirar, se a imponencia do horisonte e da vista que se disfructa, se a estranha contextura e orographia da serra.

É por isso que o excursionismo de simples dilettantismo e o de intuitos scientificos se teem desenvolvido, trazendo para o Gerez uma corrente de curiosidade e investigação importantes.

Por um lado as velhas aguas mineraes, abrindo a tentação á descoberta dos agentes intimos qu operam os seus milagres, por outro a serra naturalmente attrahente pelas suas vistas e aspectos como paizagem de montanha, pela sua fauna e flora e outras curiosidades, pelas tradições de velhos usos e costumes, que veem desde a edade romana, e emfim por muitas outras particularidades, que podem captivar o sportismo, o excursionismo e o estudo, teem mantido essa corrente, que bem merece que se conserve e augmente.”

Descreve os pontos de vista e os vales.Observatorio meteorologico do Gerês


Referência bibliográfica

Tude Martins de Sousa - "Caldas e Serra do Gerez" in Illustração Portugueza de 3 de Agosto de 1908, nº. 128-2s, p. 153-159 (páginas completas). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=3758.



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