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Texto da entrada (ID.397)

No velho arsenal da therapeutica de ha vinte e tantos annos, para não recuar muito remotamente a historia, era a machina electrica para dar choques um objecto respeitavel, quasi como um revólver, uma destas cousas que só serviam em caso de muita necessidade. Lançava-se mão, no começo do ultimo quartel do seculo passado, mais apressadamente das sanguessugas do que das descargas electricas, mais temidas talvez pelo seu parentesco com o raio, que Franklin havia tempos antes conquistado ás nuvens, para o adaptar genialmente a usos diversos. Converter em utilidade medica uma força temivel como aquella era objecto de duvidas e receios por parte dos pacientes, que receavam tanto uma aplicação de electricidade como uma operação sem anesthesia.

Em poucos annos tudo melhorou. Medicos e doentes estão, por assim dizer, familiarisados com o emprego da franklinisação e do galvanismo, e entregam-se a um uso regular destas forças no meio de complicados e elegantes aparelhos, que se ostentam nos gabinetes e hospitaes.

A electricidade medica constitue hoje na mão dos clinicos uma arma ao mesmo tempo delicada e poderosa, de um alcance inestimavel para a cura de certas afecções, às vezes indomaveis por outros processos.

Serve ella não somente para vitalisar nervos falhos de influxo, musculos em que o tonus escasseia, mas tambem para modificar a actividade de orgãos internos bem como para normalisar as regiões em que a sensibilidade se acha perturbada ou pervertida.

Mais modernamente impõe-se este agente curativo pelos resultados da sonvalisação e dos raios X, cujo dominio alarga dia a dia, tanto como meio de investigação, como methodo therapeutico.

Ainda uma vantagem realisa a introducção das correntes electricas no campo da medicina: a passagem de medicamentos para o interior do organismo atravez da pelle, fazendo-os actuar onde precisamente se pretende que elles exerçam a sua acção.

Conhecidos os diversos modos como a electricidade influe nos animaes e particularmente no corpo humano, resta-nos falar desta ultima propriedade, cuja utilização no tratamento de muitas doenças se pode prever um grande futuro.

conclue

J. Bettencourt Ferreira


Referência bibliográfica

J. Bettencourt Ferreira - "Actualidades - pela sciencia - A electricidade no tratamento das doenças – os choques electricos e a revolução na therapeutica por meio das correntes electricas – o transporte de medicamentos por estas correntes – electrolyse antiga e moderna – ionisação – novo systema de applicação medicamentosa - resultados praticos - o somno electrico" in Diário dos Açores de 25 de Outubro de 1907, nº. 4921, p. 1 (col. 4-5). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=397.



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