Em artigo editorial, um dos ultimos numeros do Quinze de Agosto, folha semanal que agora se começou a publicar na visinha ilha de Santa Maria, trata da já debatida questão da telegraphia sem fios, melhoramento ha tempos promettido áquela ilha por diversas situações politicos.

De facto, tal melhoramento que bastante se retarda, e pelo que aquelle collega se queixa amargamente, é o unico systema telegraphico que convem aos nossos visinhos para se porem em communicação com o mundo civilisado, não só por aquelle ser mais moderno e tender pelo seu proprio aperfeiçoamento a espalhar-se com grande rapidez, como ainda mais por tal systema representar uma sensivel economia na respectiva montagem, em relação aos outros.

Comtudo, apezar da evidencia da superioridade e conveniencia do systema para aquella ilha e de quanto necessitam, por todas as razões, ligaram-se os habitantes de Santa Maria com o restante mundo, nada se fez, ainda mesmo que os governos o tenham promettido, chegando a publicar-se as bases do contracto.

Sobre este assumpto, tão de interesse para o nosso districto, diz uma das passagens do referido artigo.

“É verdade que os “governos” ha tempos para cá andam sempre a prometter-nos telegraphia sem fios, sobretudo nas vesperas de eleições, mas isso já faz lembrar um theatro de feira. Tem-se até a impressão da chegada da carriola; o cartaz reclamo é a telegraphia sem fios e lá está tambem o palhaço berrando à multidão: “É entrar, meus snrs., é entrar”. A multidão entra, deixa o seu votozinho, mas a respeito da telegraphia só a vê... por um óculo.

Com o governo actual a illusão foi maior; pareceu que finalmente iamos ser attendidos...

O contracto do estabelecimento da telegraphia sem fios chegou até a ser publicado do “Diario do Governo”. Mas os termos da sua constituição estão muito descalços e a prova é que Santa Maria continua muda e só no seu rochedo de granito”.

Plenamente de accordo.