Texto da entrada (ID.462)
Perguntar-me-á o leitor - o que vem a ser uma tempestade magnetica?
Não há pessoa alguma que não conheça este instrumento, tão simples e tão pratico, chamado agulha magnetica. Todos sabem egualmente que uma agulha magnetica, suspensa pelo seu centro de gravidade, toma uma direcção fixa que nos leva a reconhecer a existencia do magnetismo terrestre. A direcção da agulha magnetica não é, porém, tão fixa como o poderão fazer supor a observação vulgar.
Esta direcção sofre, num mesmo logar, pequenas variações diurnas, annuaes e seculares que apresentam um notavel caracter de periodicidade.
Pois bem, algumas vezes tanto a simples agulha magnetica como os outros instrumentos registradores do magnetismo terrestre, sofrem subitas perturbações, grandes desvios que de modo algum se podem confundir com a maxima variação do phenomeno regular. Foi a tempestade magnetica que passou, foram poderosas correntes magneticas terrestres que perturbaram, que enlouqueceram, deixae-me assim dizer, os instrumentos d’estudo do magnestismo terrestre.
As tempestades magneticas atingem algumas vezes uma tal intensidade que chegam a exercer a sua acção nefasta nas redes telegraphicas e telephonicas, perturbando as transmissões, fazendo tocar as campainhas e produzindo mesmo faiscas.
Uma das mais importantes d’estas anomalas manifestações magneticas terrestres produziu-se em 31 de outubro de 1903. Em todo o globo se fez sentir mais ou menos esta intensissima perturbação magnetica, interrompendo as communicações telegraphicas em muitas regiões, durante cerca de oito horas. Nos Estados Unidos alcançou, em algumas linhas,a extraordinaria força de 675 volts – sufficiente p. 2 para fulminar um homem!
Eis, pois, o que é o phenomeno que na Inglaterra e na Europa Central fez soffrer grandes e irregulares desvios à agulha magnetica, durante doze horas, de 9 para 10 de fevereiro d’este anno.
O estudo das tempestades magneticas tem mostrado que estes irregulares phenomenos coincidem sempre com o apparecimento de intensas auroras boreaes e de grandes manchas na superficie do Sol. Esta coincidencia verificou-se novamente na tempestade de fevereiro. Na mesma occasião, em toda a Inglaterra, Escossia e Irlanda se observou uma grandiosa aurora boreal que fez scintillar os seus maravilhosos fogos de artificio durante um periodo de tempo excepcionalmente grande, das 6 horas da tarde à meia noite. Egualmente em 9 de fevereiro, a superficie do sol apresentou differentes manchas, observaveis a olho nú com vidro esfumado, uma das quaes, observada pelo astronomo americano Broshear, do Observatorio dos Alleghanys, media 190.000 kilometros de comprimento e 48.000 kilometros de largura!
Conclue
Referência bibliográfica
Marlotte - "Actualidades - Pela Sciencia - O que é uma tempestade magnetica. O sol pertubador das nossas linhas telegraficas. Auroras boreaes e manchas solares. A previsão das tempestades magneticas. Como se explicam as tempestades magneticas. Um novo habitante dos céos, descoberto pela fotografia. Mundos liliputianos e mundos gigantes"
in Diário dos Açores
de 30 de Novembro de 1907, nº. 4951, p. 1-2 (col. 6; 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=462.
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