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Texto da entrada (ID.480)

Conclusão

Themis, o mais novo dos filhos cosmicos de Saturno – disse eu. Entendamo-nos. Mais novo para o nosso conhecimento. A sua edade cosmica é ainda um segredo da cosmogonia. Kant, Laplace, Faye, Ligondés e Belot, infatigaveis decifradores da historia dos mundos, não conseguiram arrancar dos arquivos sideraes elementos com que reconstituir, com absoluta certeza, a ordem d’ aparecimento dos mundos que rolam na imensidade.

Quero, pois, só dizer que Themis é uma recente conquista astronomica, um novo satelite que a sciencia descobriu no brilhante cortejo sideral que acompanha Saturno nas peregrinações deste pelos infindos campos do espaço. Themis, descoberto pelo astronomo americano Pickering, fica sendo o decimo satelite de Saturno. O mesmo astronomo tinha já descoberto anteriormente o nono, o qual deu o nome de Phoebe.

Themis que gravita á distancia de Saturno de cêrca de um milhão e meio de kilometros, é um astro verdadeiramente minusculo e absolutamente invisivel mesmo nos mais poderosos instrumentos que até hoje teem sido construidos. Mas se a vista humana, armada com as mais poderosas lunetas, o não alcança, a sciencia conseguiu arranjar um olho artificial, bem simples e bem banal – a chapa photographica – que ás regiões celestes arrancou o misterio da sua existencia. Sobre clichés, longamente assestados sobre Saturno, deixou Themis preciosas linhas que, pacientemente estudadas por Pickering, nos revelaram os elementos da sua orbita, a sua distancia, a duração da translação, a excentricidade da elipse, a inclinação, a marcha, etc. O olho photographico vê, pois a maior distancia do que os nossos olhos naturaes.

Themis tem um diametro não superior a 60 Kilometros. Como a distancia, que nos separa de Saturno, é de 1 bilião e 400 milhões de kilometros, o brilho de Themis pode ser comparado ao d’uma bola de 25 milimetros de diametro que, afastada de nós 5:000 kilometros, reflectisse a luz do sol! Themis é, pois, um verdadeiro mundo liliputiano, que quasi merece o desprezo de quem habita este gigantesco planeta que se chama Terra.

(...)

A nossa Terra é tambem liliputiana e bem despresivel em presença dalguns corpos sideraes. O Sol é mais dum milhão de vezes maior do que a Terra; Sirius, a estrela mais brilhante do nosso céo, é incomparavelmente maior do que o Sol; e Canopus, a maior estrela até hoje conhecida, é mais de um milhão de vezes maior do que Sirius. A orbita da Terra, vista de Canopus, seria ocultada por um cabelo colocado a 10 kilometros de distancia da vista do observador.

(...)


Referência bibliográfica

Marlotte - "Actualidades - Pela Sciencia - O que é uma tempestade magnetica. O sol pertubador das nossas linhas telegraficas. Auroras boreaes e manchas solares. A previsão das tempestades magneticas. Como se explicam as tempestades magneticas. Um novo habitante dos céos, descoberto pela fotografia. Mundos liliputianos e mundos gigantes" in Diário dos Açores de 4 de Dezembro de 1907, nº. 4954, p. 1 (col. 5-6). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=480.



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Astronomia

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