A expedição antarctica britannica fez esta descoberta interessante e da mais alta importancia: geleiras que rodeiam o polo sul batem em retirada, isto é, recuam.
A grande barreira gelada, deante da qual outr’ora parou James Ross, retirou sobre uma distancia de quasi 50 kilometros.
As geleiras da Terra da Victoria tambem estão em plena retirada e já não attingem o mar.
Assim as geleiras arcticas retiram-se por sua vez, e o mesmo acontece, no dizer dos viajantes, com as galeiras [sic] das montanhas nos paizes equatoriaes, como no Equador e na Africa Oriental.
Approximando estes factos das observações que, nos ultimos annos mostraram um enxugamento progressivo da Africa e da Asia central, deve-se confessar que se está em face de um problema de physica terrestre d’um alcance verdadeiramente excepcional.
É necessário, porém, egualmente confessar, por outro lado, que a solução d’este problema será muitto difficil.
Conhecemos, com effeito, phenomenos muito semelhantes, embora mais simples e de dimensões muito mais modestas; a historia e extensão d’estes phenomenos é conhecida, e, comtudo, se se trata de os explicar sob o ponto de vista meteorologico, devemos reconhecer a nossa incapacidade. Temos, por exemplo, o recuo das geleiras alpinas, recuo que data de ha muito tempo e que ainda continua.
Os esclarecimentos sobre as variações das geleiras alpinas são numerosos e sufficientes, as observações abarcam um espaço de tempo muito consideravel, e, comtudo, ainda se não chegou a determinar, por um modo exacto, a relação precisa entre as variações dos elementos meteorologicos, d’uma parte, e as variações das geleiras, d’outra parte.
Os grandes resultados, porém, os resultados definitivos, não se obteem de chofre. Veem sempre coroar uma longa serie de pacientes esforços, com antecedencia preparados e estudados.