O povo na sua logica ingenua, na instinctiva approximação dos factos, tem sempre comparado o corpo humano a uma machina (...) thermica.

Entre a introducção do carvão na fornalha d’um engenho e a ingestão d’um almoço ou d’ um jantar ha uma relação tão intima, que bem se pode dizer que ambos esses actos teem por fim dar o movimento nas suas diversas particularidades e divisões a esses organismos complexos que se chamam a machina industrial e a machina humana.

Na verdade, o alimento é um verdadeiro combustivel que tem de vencer pelo calorico fornecido, as perdas thermicas devidas à influencia do meio mantendo o calor animal, e todo o trabalho organico, o que demanda uma notavel transformação de energia colorifica em energia viva. Quer dizer: o ser vivo precisa de alimentar-se para não resfriar e para poder produzir trabalho.

Partindo destes principios physiologicos, absolutamente exactos, houve quem pensasse em que, se um individuo se conservasse n’um ambiente de temperatura constantemente egual á temperatura media do corpo humano, permanecendo ahi em perfeita tranquilidade, sem despender a mais pequena parcella d’energia em movimentos exteriores, esse individuo poderia viver sem alimento. E assim se encontraria a chave do segredo de todos os Papus, de todos os jejuadores que espantam as multidões com a sua energia e ausencia d’alimento dentro d’aparatosas urnas de crystal.

Mas não é tão simples o phenomeno como pode parecer à primeira vista, e a exhibição não passa com certeza sem o seu truc especial.

Conclue