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Texto da entrada (ID.599)

do Diario de Noticias:

O sr. Germano de Mattos, antigo official da marinha mercante, exerce, vae para 15 annos, com o maior zelo, o cargo de capitão do posto de Inhambane, porto cuja entrada era difficil, não só porque a barra é sujeita a differentes variações e apertada entre baixos perigosos e tambem variaveis, mas ainda porque o caminho a seguir até à villa é longo e sinuoso.

Graças aos seus estudos hydrographicos e á sua tenacidade, conseguiu elle que, a pouco e pouco, fossem sendo auctorisadas e construidas as necessarias balisas, umas fixas de alvenaria, outras moveis, por fórma que hoje os navios podem entrar a barra e continuar até ao fundeadouro da villa com relativa facilidade, até mesmo sem auxilio de piloto. Todos os comandantes, tanto dos navios de guerra como dos paquetes, o affirmam, e com tanto mais confiança demandam aquelle porto, quanto é certo saberem que a vigilancia extrema do sr. Mattos nunca deixa passar despercebida qualquer alteração occorrida, por mais insignificante p. 2 que seja, sem as assignalar immediatamente com as convenientes mudanças na posição das boias e marcas.

Houve, porém, sempre duas marcas que por terem de estar installadas n’uma montanha muito arborisada, são pouco visiveis quando o sol está do lado da montanha, o que succede depois do meio dia.

A auctoridade maritima superior da provincia julgou que se intermediaria este inconveniente adaptando ás marcas umas espheras de vidro de espelho em que o sol as reflectisse, e effectivamente foram compradas na Europa duas grandes espheras com 70 centimetros de diametro por um preço muito elevado; mas que não deram resultado algum, tendo por isso de ser retiradas. Mas o mesmo não succedeu com uns apparelhos estudados e construidos pelo capitão do porto e que consistem em calotes esphericos, a que foram applicadas 40 facetas de espelho, tendo o conjunto dois movimentos: um horisontal e outro vertical, dados por duas ventoinhas.

Estes calotes foram applicados as duas marcas da montanha produzindo constantes relampagos pela reflexão do sol nos espelhos, visiveis desde o alto mar.

Desappareceu pois, assim, a unica difficuldade que ás vezes embaraçava os navios. E como a barra tem hoje maior largura um fundo minimo de vinte pés em baixa-mar de aguas vivas, pode dizer-se que o porto de Inhambane é presentemente um dos melhores e o mais bem balisado de toda a colonia.

O commandante do cruzador allemão “Bussard”, que ha tempos visitou Inhambane, em uma nota enviada ás auctoridades portuguesas manifestou até a opinião de que é uma das melhores de toda a Africa Oriental.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Um invento português de grande utilidade" in Diário dos Açores de 14 de Março de 1910, nº. 5618, p. 1-2 (col. 6; 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=599.



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