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Texto da entrada (ID.604)

Offerece o mais subido interesse o relatorio do digno sub-delegado de saude d’este concelho, sr. dr. Mont’Alverne de Sequeira, respeitante ao anno findo, pela serie de considerações e notas estatisticas que contém, interesse que de resto, têm sempre despertado os anteriores relatorios d’este distincto funccionario.

Como costumamos fazer, passamos a reproduzir aqui esse valioso documento:

Ill.mo e Ex.mo Snr.:

Infelizmente não me enganei quando disse, no meu relatorio anterior, que a guerra aos ratos não deixava transparecer convicção nem enthusiasmo, sendo pouco numerosos os devotos da campanha que se tinha iniciado.

Na realidade, desde que foi restabelecida a communicação com as ilhas infectadas, o publico desinteressou-se do exterminio dos ratos, na doce illusão, julgo eu, de que o perigo havia desapparecido, quando agora, mais do que nunca, a meu vêr é que estamos na imminencia de uma invasão de peste.

(... fala da inercia do povo português)

Entretanto eu estou convencido, e oxalá que me engane, de que a peste ha de reapparecer na Terceira e no Fayal, ameaçando-nos novamente, se não começar por cá a romaria de morticinios.

Justo é, porém, que eu saude mais uma vez o illustre pestologo dr. Sousa Junior, e todos os que com elle collaboraram na gloriosa campanha contra a peste em que a Sciencia triumphou, apesar dos minguados recursos de ataque e do exiguo material de defesa de que dispunha a Missão encarregada de estrangular a epidemia, já tão disseminada quando os poderes publicos despertaram.

(...)

É ver como a politica esfarrapou a pouco e pouco o trabalho do eminente professor e inspector geral dos serviços sanitarios, dr. Ricardo d’Almeida Jorge; é reparar para a forma por que se aquilatam merecimentos e dedicações da classe medica, do que é prova a maneira porque foram galardoados os luctadores que se sacrificaram na batalha contra a peste da Terceira; é de notar ainda que, da Liga contra os ratos, estabelecida em Angra do Heroismo, os governantes não cogitam, parecendo que os benemeritos não fizeram nem fazem mais do que a sua obrigação.

(...)

Passando a considerações de outra ordem, direi que no anno findo não houve no concelho de Ponta Delgada doenças infecto-contagiosas que sobressaltassem a população. O numero total de participações a esta sub-delegação de saude foi de 205, assim distribuidas:

Febres typhoides – 68 (37 varões e 31 femeas)

Sarampo – 61 (32 varões e 29 femeas)

Tuberculose pulmonar – 54 (28 varões e 26 femeas)

Outras tuberculoses – 5 (2 varões e 3 femeas)

Diphteria – 7 (4 varões e 3 femeas)

Tosse convulsa – 7 (3 varões e 4 femeas)

Escarlatina – 3

Estes algarismos não são rigorosamente exactos, mas approximados, porque infelizmente ha clinicos refractarios ao cumprimento d’este dever civico e profissional.

(...)

Comparando estes numeros com os de 1908, vê-se que em 1909 houve menos 43 casos de febres typhoides, 2 de sarampo, 8 de diphteria, 47 de escarlatina e 3 de tuberculoses diversas, e mais 22 de tuberculose pulmonar e 6 de tosse convulsa.

(continuam dados estatisticos referentes ao ano de 1907, 1908)


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Relatorio" in Diário dos Açores de 16 de Março de 1910, nº. 5620, p. 1 (col. 1-3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=604.



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